domingo, 13 de outubro de 2019

Nasce a Escola Normal no Rio Grande do Sul


Regina Portella Schneider*

O clamor pela criação de uma Escola Normal foi permanente até 1860, quando o presidente da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul foi autorizado pela Assembleia Legislativa a criar uma Escola Normal na capital da Província. Entre essa autorização e a criação da Escola Normal passaram-se vários anos e, somente, no último ano da década de 60, isto é, em 5 de abril de 1869, era criada a Escola Normal. Mas para torná-la uma realidade vários obstáculos surgiram. Nenhuma das pessoas sondadas no Rio de Janeiro para organizar a Escola Normal aceitou transferir-se para a nossa Província. Lembraram-se, então, de que aqui mesmo, no Rio Grande, havia um homem de sólida formação intelectual, que dominava vários idiomas, e possuía excelente experiência pedagógica, pois lecionara nos dois colégios mais considerados do Brasil: o Ginásio Baiano do Barão de Macahúbas; e o Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, além de ter sido professor no Convento de São Bento (RJ). Era um sacerdote: Joaquim de Barros, e que incorporara ao nome o apelido que lhe fora dado por seu pai, na infância, Cacique. E assim ficou Joaquim Cacique de Barros, o Padre Cacique. Ele organizara e dirigia o Colégio de Santa Teresa, em Porto Alegre, para meninas órfãs e desvalidas, que ali recebiam uma formação primorosa.

Após relutar muito, acabou aceitando a incumbência de organizar e instalar a Escola Normal, e foi ele o seu primeiro diretor e o primeiro professor de Pedagogia no Rio Grande do Sul.

A Escola Normal foi instalada no dia 12 de abril de 1869 e o início de seu funcionamento deu-se a 1º de maio deste mesmo ano, com aulas de manhã, para os alunos; e à tarde, para as alunas.

A Escola Normal passou a funcionar no andar superior do prédio alugado, situado na esquina da Rua da Ponte (hoje, Riachuelo) com a Rua da Ladeira (hoje, General Câmara). Era o mesmo prédio onde, desde 1859, funcionava ao Liceu de Dom Afonso − a primeira escola pública Secundária do Estado (na foto abaixo, o prédio à direita), que é o atual local da Biblioteca Pública do Estado do Rio Grande do Sul.

Esquina da Rua da Ponte (Riachuelo) , rua horizontal;
com Rua da Ladeira, (General Câmara), rua vertical. 

Primeiros normalistas

Os primeiros estudantes matriculados na Escola Normal foram: oito alunos e quatro alunas. Destes 12 alunos que se matricularam e que frequentaram as aulas do 1º ano, em 1869, somente seis deles foram aprovados e passaram para o 2º ano, que seria cursado em 1870: três alunos e três alunas. Neste início, o curso da Escola Normal tinha a duração de dois anos.

Dos seis alunos aprovados ao final do 1º ano, em 1869, e que chegaram ao final do 2º ano, em 1870, só cinco obtiveram diploma: Anna Guterres de Carvalho, Cândida França de Moraes, Ildefonso Ferreira Cardozo, João Virgílio da Silva Rocha e José Luiz da Motta Filho.

*Historiadora, ex-aluna e ex-professora do Instituto de Educação.

(Correio do Povo, 12 de outubro de 2019)

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