Apolítico
Um homem de terno impecavelmente
branco resolve atravessar um pântano. Seu terno permanecerá branco?
Provavelmente não. Ainda que tome o devido cuidado, será quase impossível se
livrar de todas as “armadilhas” numa área alagada, cheia de vegetação, sem
contar o perigo dos animais quer povoam esse ecossistema.
Imaginemos que o sistema político
é esse pântano. E o homem com terno seja alguém com reputação ilibada que quer
se aventurar na política com o único desejo de melhorar o ambiente cheio de
“armadilhas” da política, inclusive com pessoas que se comportam como animais
selvagens na sua busca incansável e voraz por poder e tudo o que o acompanha.
Será que essa pessoa passará incólume por tão denso terreno? Dificilmente.
Isso ilustra o quão difícil é
para uma pessoa com boas intenções ter sucesso na política seguindo a cartilha
já desgastada da honestidade e da ética. E desgastada não pelo uso, mas pelo
mau uso ou pelo desprezo que a maioria dos políticos tem pelas leis que o regem
e a todos nós, cidadãos. Um político não é nada mais do que um cidadão com os
mesmos deveres e os mesmo direitos que qualquer um de nós tem. Mas o uso
abusivo e deturpado das leis faz do político um ser diferente. Muitos acham que
estão acima da lei. Creem, erroneamente, que o país está aos seus serviços,
quando o contrário seria o correto.
Pode um homem com um terno
impecavelmente branco passar pela política e manter sua condição inalterada,
intacta? Impossível. Isso mostra que até o mais nobre dos homens pode ser
fisgado pela corrupção, desejo de poder e dinheiro, que nada mais é do que a
cobiça, qualidade presente em todas as pessoas, que quando controlada, pode não
emergir, ficar latente, mas eis algo impossível na política. Não, não são os
políticos que mudarão esse ou qualquer outro país. Engana-se quem pensa que
isso seja possível. Então não há esperança? Creio que na política não.
Alguns clamam por sistema de
governo já utilizados e já provados falhos. Parecem não se recordar dos abusos
de outrora da parte das pessoas que hoje são vistas como salvadoras. O ser
humano é imediatista e mesquinho. Se a situação está boa para ele, danem-se os
outros. Enquanto mantiver essa pobreza de consciência e a busca de vantagens
pessoais em detrimento do seu semelhante, o ser humano seguirá seu caminho nada
virtuoso de egocentrismo e presunção e podemos ter a certeza de que, se assim
continuar, dias melhores não virão. Apenas o individualismo que será seguido
pelo caos.
Ser apolítico pode não resolver
os problemas, mas evita que contribuamos com mazelas de uma sociedade hipócrita
e à beira do abismo.
Parzival
(Do Blog Recanto das
Letras)
Nenhum comentário:
Postar um comentário