sexta-feira, 4 de outubro de 2019

O homem de terno branco



Apolítico

Um homem de terno impecavelmente branco resolve atravessar um pântano. Seu terno permanecerá branco? Provavelmente não. Ainda que tome o devido cuidado, será quase impossível se livrar de todas as “armadilhas” numa área alagada, cheia de vegetação, sem contar o perigo dos animais quer povoam esse ecossistema.

Imaginemos que o sistema político é esse pântano. E o homem com terno seja alguém com reputação ilibada que quer se aventurar na política com o único desejo de melhorar o ambiente cheio de “armadilhas” da política, inclusive com pessoas que se comportam como animais selvagens na sua busca incansável e voraz por poder e tudo o que o acompanha. Será que essa pessoa passará incólume por tão denso terreno? Dificilmente.

Isso ilustra o quão difícil é para uma pessoa com boas intenções ter sucesso na política seguindo a cartilha já desgastada da honestidade e da ética. E desgastada não pelo uso, mas pelo mau uso ou pelo desprezo que a maioria dos políticos tem pelas leis que o regem e a todos nós, cidadãos. Um político não é nada mais do que um cidadão com os mesmos deveres e os mesmo direitos que qualquer um de nós tem. Mas o uso abusivo e deturpado das leis faz do político um ser diferente. Muitos acham que estão acima da lei. Creem, erroneamente, que o país está aos seus serviços, quando o contrário seria o correto.

Pode um homem com um terno impecavelmente branco passar pela política e manter sua condição inalterada, intacta? Impossível. Isso mostra que até o mais nobre dos homens pode ser fisgado pela corrupção, desejo de poder e dinheiro, que nada mais é do que a cobiça, qualidade presente em todas as pessoas, que quando controlada, pode não emergir, ficar latente, mas eis algo impossível na política. Não, não são os políticos que mudarão esse ou qualquer outro país. Engana-se quem pensa que isso seja possível. Então não há esperança? Creio que na política não.

Alguns clamam por sistema de governo já utilizados e já provados falhos. Parecem não se recordar dos abusos de outrora da parte das pessoas que hoje são vistas como salvadoras. O ser humano é imediatista e mesquinho. Se a situação está boa para ele, danem-se os outros. Enquanto mantiver essa pobreza de consciência e a busca de vantagens pessoais em detrimento do seu semelhante, o ser humano seguirá seu caminho nada virtuoso de egocentrismo e presunção e podemos ter a certeza de que, se assim continuar, dias melhores não virão. Apenas o individualismo que será seguido pelo caos.

Ser apolítico pode não resolver os problemas, mas evita que contribuamos com mazelas de uma sociedade hipócrita e à beira do abismo.

Parzival

(Do Blog Recanto das Letras)

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