quarta-feira, 16 de outubro de 2019

Confeitaria Rocco

Texto e fotos  coloridas de Jane Cassol


Estátua com planta nascida na testa − Nicolau Rocco (1861-1932), natural da Itália, antigo funcionário da famosa confeitaria “El Molino” de Buenos Aires, fundou, em 1892, a Confeitaria Sul-América em Porto Alegre. Em 1910, acompanhando o ‘boom’ imobiliário decorrente do desenvolvimento econômico da cidade, mandou construir o prédio da Confeitaria Rocco.

O projeto, em estilo Eclético, foi elaborado pelo arquiteto e construtor Salvador Lambertini, que faleceu em 1911. A obra foi concluída pelo arquiteto Manuel Itaqui Barbosa Assunpção sendo inaugurada em 20 de setembro de 1912. O edifício destaca-se por sua implantação no terreno de esquina como um bloco monolítico esculpido.

A estrutura do prédio é mista de alvenaria de tijolos de barro e vigamentos de ferro. A área total do imóvel é de 1.560,00m2 distribuídos em quatro pavimentos:


• fabricação dos doces no subsolo;
• confeitaria, com acesso ao público, no térreo;
• salão de festas no 2º pavimento;
• copa e outras dependências no 3º pavimento.

As fachadas são ornamentadas com requintado trabalho em ferro nas sacadas e balcões, colunas e pilastras com capitéis em forma de cabeça de leão, grandes letreiros em relevo ornamental com o nome da empresa, profusa decoração de frisos, cornijas, mísulas e a platibanda com balaustradas.

Nelas estão distribuídos três pares de atlantes, formados por um Atlante jovem e outro idoso. O Atlante jovem representando a América e a Fartura e o Atlante idoso representando a Europa e a Abundância. Os Atlantes suportam com uma mão a sacada e com a outra a cornucópia da fecundidade. O conjunto escultórico no frontispício representa a Luz. A figura feminina central está emoldurada por uma lira tendo ao seu lado duas crianças. Há alusão explícita às artes, em especial à música. O terraço era utilizado como depósito e como local de contemplação da cidade.

A fábrica de doces, confeitaria, salão de chá e de festas, junto à Praça Conde de Porto Alegre (antiga Praça do Portão), era o local privilegiado dos encontros da sociedade rio-grandense, tanto pela localização e qualificação do imóvel, quanto pela qualidade dos doces. A decoração do interior era luxuosa, com tampos de mármore, entalhes de madeira, pinturas murais de grandes dimensões e iluminação cenográfica. Frequentaram seus salões, entre outros, Góis Monteiro, Eurico Gaspar Dutra, Getúlio Vargas, Daltro Filho e Mario de Andrade.

Foi tombada pela Prefeitura em 1997.

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Confeitaria Rocco – 1920

2 comentários:

  1. Amigo José, apenas transcrevemos neste almanaque o belo texto e fotos da Jane Cassol, pelo a qualidade da pesquisa e beleza das fotos de um ângulo inusitado.

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