domingo, 20 de outubro de 2019

O Prefeito Macaco Tião


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A impaciência carioca com governantes não se limita aos humanos. Por algum motivo, um prefeito do Rio no início dos anos 90 teve de fazer uma série de visitas ao zoológico da cidade. Em todas foi alvejado com fezes pelo estimado macaco Tião, uma das atrações do zoo. Macacos costumam fazer isso com o público, mas Tião era seletivo. Ao ver o grupo de autoridades e repórteres diante de sua jaula, o chipanzé munia-se dos bolos de fabricação própria e concentrava os disparos no prefeito. No dia seguinte, os jornais se deliciavam − porque Tião estava fazendo o que muitos cidadãos gostariam de fazer. Como prêmio, o macaco recebeu nas eleições seguintes uma votação que superou a de vários políticos veteranos.

(Do livro:
 “Carnaval no fogo Crônicas de uma cidade excitante demais”,
de Ruy Castro)

Cacareco, macaco Tião e prefeito mosquito:
voto de protesto na cédula de papel

Além dos inúmeros relatos de fraudes, as cédulas eleitorais de papel protagonizaram os maiores micos da política brasileira e deram espaço aos insatisfeitos para eleger candidatos bizarros. Nasceu assim, em 1959, o voto de protesto, que colocou o Rinoceronte Cacareco como vereador de São Paulo. Anos depois, em 1988, o macaco Tião ficou em terceiro na disputa pela prefeitura do Rio de Janeiro.

Macaco Tião


Reprodução/O Globo

Anos depois, em 1988, o jornal “O Planeta Diário” e a revista “Casseta Popular” lançaram no Zoológico do Rio de Janeiro, na zona norte, a candidatura do chimpanzé Tião à Prefeitura da cidade. Os profissionais promoveram uma grande festa para libertar “o último preso político”. Cantores da MPB, como Ed Motta, fizeram até um show de lançamento da candidatura do macaco como protesto já que o Brasil enfrentava um importante período de transição democrática pós-ditadura.

Macaco Tião virou celebridade no Brasil
 e estava presente nas páginas dos jornais.


Antes mesmo da candidatura inusitada, Tião ganhou fama pelo seu temperamento ruim. Chamado de mal-humorado, ele foi parar nas páginas dos jornais após atirar fezes e lama nos visitantes do zoológico - até o ex-prefeito Marcello Alencar foi alvo do animal.

Estima-se que o Macaco Tião tenha recebido naquele pleito mais de 400 mil dos votos dos eleitores, alcançando o que seria equivalente ao terceiro lugar entre 12 candidatos. Com 1,52 de altura e 70 kg, ele virou uma celebridade no Brasil. E o feito foi parar no "Guinness World Records" como o chimpanzé a receber mais votos no mundo.

Tião morreu de diabetes em 23 de dezembro de 1996, aos 34 anos. Foi decretado luto oficial de três dias no município do Rio de Janeiro.

(Do blog Último Segundo)


A estátua do macaco Tião no Jardim Zoológico do Rio de Janeiro

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