A impaciência carioca com
governantes não se limita aos humanos. Por algum motivo, um prefeito do Rio no
início dos anos 90 teve de fazer uma série de visitas ao zoológico da cidade.
Em todas foi alvejado com fezes pelo estimado macaco Tião, uma das atrações do
zoo. Macacos costumam fazer isso com o público, mas Tião era seletivo. Ao ver o
grupo de autoridades e repórteres diante de sua jaula, o chipanzé munia-se dos
bolos de fabricação própria e concentrava os disparos no prefeito. No dia
seguinte, os jornais se deliciavam − porque Tião estava fazendo o que muitos
cidadãos gostariam de fazer. Como prêmio, o macaco recebeu nas eleições
seguintes uma votação que superou a de vários políticos veteranos.
(Do livro:
“Carnaval
no fogo Crônicas de uma cidade excitante demais”,
de Ruy Castro)
Cacareco, macaco Tião e prefeito mosquito:
voto de protesto na cédula de papel
Além dos inúmeros relatos de
fraudes, as cédulas eleitorais de papel protagonizaram os maiores micos
da política brasileira e deram espaço aos insatisfeitos para eleger candidatos
bizarros. Nasceu assim, em 1959, o voto de protesto, que colocou o Rinoceronte
Cacareco como vereador de São Paulo. Anos depois, em 1988, o macaco Tião ficou
em terceiro na disputa pela prefeitura do Rio de Janeiro.
Macaco Tião
Reprodução/O Globo
Anos depois, em 1988, o jornal “O
Planeta Diário” e a revista “Casseta Popular” lançaram no Zoológico do Rio de
Janeiro, na zona norte, a candidatura do chimpanzé Tião à Prefeitura da cidade.
Os profissionais promoveram uma grande festa para libertar “o último preso
político”. Cantores da MPB, como Ed Motta, fizeram até um show de lançamento da
candidatura do macaco como protesto já que o Brasil enfrentava um importante
período de transição democrática pós-ditadura.
Macaco Tião virou celebridade no Brasil
e estava
presente nas páginas dos jornais.
Antes mesmo da candidatura
inusitada, Tião ganhou fama pelo seu temperamento ruim. Chamado de
mal-humorado, ele foi parar nas páginas dos jornais após atirar fezes e lama
nos visitantes do zoológico - até o ex-prefeito Marcello Alencar foi alvo do
animal.
Estima-se que o Macaco Tião tenha
recebido naquele pleito mais de 400 mil dos votos dos eleitores, alcançando o
que seria equivalente ao terceiro lugar entre 12 candidatos. Com 1,52 de altura
e 70 kg ,
ele virou uma celebridade no Brasil. E o feito foi parar no "Guinness
World Records" como o chimpanzé a receber mais votos no mundo.
Tião morreu de diabetes em 23 de
dezembro de 1996, aos 34 anos. Foi decretado luto oficial de três dias no
município do Rio de Janeiro.
(Do blog Último Segundo)
A estátua do macaco
Tião no Jardim Zoológico do Rio de Janeiro
Nenhum comentário:
Postar um comentário