O Anjo Azul dos Alagados
Santa Dulce dos Pobres não é um mito.
Ela é um ideal!
Janeiro ou fevereiro de 1985,
Salvador, Bahia, estamos numa excursão pelo Nordeste. Na capital, depois de irmos
a vários pontos turísticos, o guia local levou-nos a visitar a obra social de
uma freira famosa na Bahia: Irmã Dulce.
Já sabíamos que ela era figura
humana exemplar pela caridade que ela fazia na cidade. Mas quando ela entrou no
recinto, uma espécie de capela, uma aura de luz estava em torno daquela figura
frágil, de voz mansa e um olhar terno e carinhoso, que transmitia paz a todos
os presentes no local. Eu, particularmente, fiquei trêmulo com os olhos
lacrimejantes sem saber o porquê daquela emoção.
Na foto acima, vemos minha
mulher, Ignês, olhando, embevecida, para o autógrafo de um livro que,
infelizmente, se perdeu em
mudanças. Nesse encontro, tivemos a noção exata, pelo que ela
transmitia com sua presença humana, e pelo que ela fazia em prol dos mais
necessitados, estar diante de uma possível Santa da Igreja Católica.
E agora, neste mês de outubro,
dia 13 de 2019, pelos milagres atribuídos a ela, será santificada pelo Papa
Francisco, no Vaticano, como a primeira Santa Brasileira: Santa Dulce dos
Pobres.
NSM
Dulce, Beata Dulce dos Pobres ou
Bem-Aventurada Dulce dos Pobres e até mesmo Santa Dulce tem recebido o epíteto
de “o anjo bom da Bahia”. Foi uma religiosa católica brasileira, que fez muitas
ações de caridade e assistência para quem mais precisava.
Nascimento:
26 de maio de 1914, Salvador,
Bahia;
Falecimento:
13 de março de 1992, Salvador,
Bahia;
Nacionalidade:
Brasileira;
Nome completo:
Maria Rita de Sousa Brito Lopes Pontes;
Exumação do corpo: 9 de junho de 2010.
7 curiosidades sobre o “Anjo Bom” de Deus:
1) Por causa de um enfisema
pulmonar, Irmã Dulce viveu os últimos 30 anos da sua vida com a saúde abalada
seriamente – tinha 70% da capacidade respiratória comprometida e chegou a pesar
38 quilos. Entretanto, nem mesmo a doença a impediu de construir e manter uma
das maiores e mais respeitadas instituições filantrópicas do país. Morreu em 13
de março de 1992, pouco tempo antes de completar 78 anos.
2) Irmã Dulce foi uma criança
cheia de alegria, adorava brincar com sua boneca inseparável Celica, empinar
pipa e tinha especial predileção pelo futebol – era torcedora do Esporte Clube
Ipiranga.
3) Irmã Dulce começou a praticar
caridade aos 13 anos, acolhendo mendigos e doentes em sua casa. Nessa época,
sua residência ficou conhecida como ‘A Portaria de São Francisco’, tal o número
de carentes que se aglomeravam no local. Quando entrou no Convento de Nossa Senhora
do Carmo, aos 19 anos, escolheu o nome de Irmã Dulce (seu nome verdadeiro é
Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes), em homenagem à mãe.
4) Para abrigar doentes que
recolhia nas ruas, a religiosa chegou a invadir cinco casas na Ilha dos Ratos,
em 1937. Expulsa do lugar, ela peregrinou durante uma década, levando os seus
doentes por vários lugares. Por fim, em 1949, ocupou um galinheiro ao lado do
convento, com autorização da sua superiora, para abrigar os primeiros 70
doentes. Hoje, no local, está o Hospital Santo Antônio, o maior da Bahia.
5) Em 1988, Irmã Dulce foi
indicada pelo então presidente da República, José Sarney, com o apoio da rainha
Sílvia, da Suécia, para o Prêmio Nobel da Paz. Ela não o venceu, entretanto
teve o trabalho mais reconhecido.
6) Em sua segunda visita ao
Brasil, em 20 de outubro de 1991, o Papa João Paulo II fez questão de quebrar o
rigor da sua agenda e ir ao Convento Santo Antônio visitar Irmã Dulce, já
bastante debilitada, no seu leito de enferma. Cinco meses depois da visita do
Pontífice, os brasileiros chorariam a morte do ‘Anjo bom da Bahia’.
7) Na exumação do seu corpo, em
junho de 2010, os representantes do Vaticano e pessoas presentes se mostraram
impressionados com a mumificação natural do corpo, 18 anos após a morte da
religiosa. A exumação é a penúltima etapa do processo de beatificação. “A roupa
estava conservada mesmo após 18 anos, apesar de um pouco escura. O semblante
dela é muito sereno, não há odor”, disse a sobrinha e superintendente das Obras
Sociais Irmã Dulce, Maria Rita Pontes, em entrevista à imprensa na época.
Dulce
Neste tempo de demofobia e
radicalismos, saiu um bom livro para a alma. É “Irmã Dulce, a Santa dos
Pobres”, do jornalista Graciliano Rocha. Canonizada no dia 13 de outubro de
2019 pelo Papa Francisco, seu primeiro milagre salvou uma gestante que se esvaía
em sangue. No
segundo, devolveu a visão a um homem que a perdera havia 14 anos. A narrativa
de Graciliano nos dois casos é emocionante.
O maior milagre de Santa Dulce
(1914-1992) foi ajudar os pobres da Bahia, invadindo casas desocupadas ou
atraindo milionários como Norberto Odebrecht e poderosos como José Sarney.
Certo dia, ela pediu dinheiro a
um comerciante de uma feira-livre, em Salvador, Bahia, e levou uma cusparada na
mão direita estendida. Limpou a mão e estendeu a outra, dizendo:
− Isso foi para mim, agora o
senhor vai dar alguma coisa para os meus pobres?
(Da coluna de Élio
Gaspari, no Correio do Povo, setembro de 2019)
Papa será presenteado com pedaço do corpo de Irmã
Dulce
em relicário
em relicário
A Arquidiocese de Salvador
anunciou que o papa Francisco será presenteado com uma parte de corpo de Irmã
Dulce, no dia 13 de outubro de 2019, data da cerimônia de canonização da santa,
no Vaticano.
De acordo com a Arquidiocese, os
restos mortais de Irmã Dulce serão entregues ao papa em um relicário, com uma
pedra de ametista, em formato de coração. A parte do corpo será entregue ao
papa não foi informada.
O ato é uma prática comum no
catolicismo. Esse ano, o Papa Francisco doou um relicário com pedaços de ossos
de São Pedro ao Patriarca Ecumênico de Constantinopla Bartolomeu I.
Santa Dulce dos Pobres, rogai por nós!
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