domingo, 13 de outubro de 2019

Santa Dulce dos Pobres

O Anjo Azul dos Alagados


Santa Dulce dos Pobres não é um mito.
Ela é um ideal!

Janeiro ou fevereiro de 1985, Salvador, Bahia, estamos numa excursão pelo Nordeste. Na capital, depois de irmos a vários pontos turísticos, o guia local levou-nos a visitar a obra social de uma freira famosa na Bahia: Irmã Dulce.

Já sabíamos que ela era figura humana exemplar pela caridade que ela fazia na cidade. Mas quando ela entrou no recinto, uma espécie de capela, uma aura de luz estava em torno daquela figura frágil, de voz mansa e um olhar terno e carinhoso, que transmitia paz a todos os presentes no local. Eu, particularmente, fiquei trêmulo com os olhos lacrimejantes sem saber o porquê daquela emoção.

Na foto acima, vemos minha mulher, Ignês, olhando, embevecida, para o autógrafo de um livro que, infelizmente, se perdeu em mudanças. Nesse encontro, tivemos a noção exata, pelo que ela transmitia com sua presença humana, e pelo que ela fazia em prol dos mais necessitados, estar diante de uma possível Santa da Igreja Católica.

E agora, neste mês de outubro, dia 13 de 2019, pelos milagres atribuídos a ela, será santificada pelo Papa Francisco, no Vaticano, como a primeira Santa Brasileira: Santa Dulce dos Pobres.

NSM

Dulce, Beata Dulce dos Pobres ou Bem-Aventurada Dulce dos Pobres e até mesmo Santa Dulce tem recebido o epíteto de “o anjo bom da Bahia”. Foi uma religiosa católica brasileira, que fez muitas ações de caridade e assistência para quem mais precisava.

Nascimento: 26 de maio de 1914, Salvador, Bahia;
Falecimento: 13 de março de 1992, Salvador, Bahia;
Nacionalidade: Brasileira;
Nome completo: Maria Rita de Sousa Brito Lopes Pontes;
Exumação do corpo: 9 de junho de 2010.


7 curiosidades sobre o “Anjo Bom” de Deus:

1) Por causa de um enfisema pulmonar, Irmã Dulce viveu os últimos 30 anos da sua vida com a saúde abalada seriamente – tinha 70% da capacidade respiratória comprometida e chegou a pesar 38 quilos. Entretanto, nem mesmo a doença a impediu de construir e manter uma das maiores e mais respeitadas instituições filantrópicas do país. Morreu em 13 de março de 1992, pouco tempo antes de completar 78 anos.

2) Irmã Dulce foi uma criança cheia de alegria, adorava brincar com sua boneca inseparável Celica, empinar pipa e tinha especial predileção pelo futebol – era torcedora do Esporte Clube Ipiranga.

3) Irmã Dulce começou a praticar caridade aos 13 anos, acolhendo mendigos e doentes em sua casa. Nessa época, sua residência ficou conhecida como ‘A Portaria de São Francisco’, tal o número de carentes que se aglomeravam no local. Quando entrou no Convento de Nossa Senhora do Carmo, aos 19 anos, escolheu o nome de Irmã Dulce (seu nome verdadeiro é Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes), em homenagem à mãe.

4) Para abrigar doentes que recolhia nas ruas, a religiosa chegou a invadir cinco casas na Ilha dos Ratos, em 1937. Expulsa do lugar, ela peregrinou durante uma década, levando os seus doentes por vários lugares. Por fim, em 1949, ocupou um galinheiro ao lado do convento, com autorização da sua superiora, para abrigar os primeiros 70 doentes. Hoje, no local, está o Hospital Santo Antônio, o maior da Bahia.

5) Em 1988, Irmã Dulce foi indicada pelo então presidente da República, José Sarney, com o apoio da rainha Sílvia, da Suécia, para o Prêmio Nobel da Paz. Ela não o venceu, entretanto teve o trabalho mais reconhecido.

6) Em sua segunda visita ao Brasil, em 20 de outubro de 1991, o Papa João Paulo II fez questão de quebrar o rigor da sua agenda e ir ao Convento Santo Antônio visitar Irmã Dulce, já bastante debilitada, no seu leito de enferma. Cinco meses depois da visita do Pontífice, os brasileiros chorariam a morte do ‘Anjo bom da Bahia’.

7) Na exumação do seu corpo, em junho de 2010, os representantes do Vaticano e pessoas presentes se mostraram impressionados com a mumificação natural do corpo, 18 anos após a morte da religiosa. A exumação é a penúltima etapa do processo de beatificação. “A roupa estava conservada mesmo após 18 anos, apesar de um pouco escura. O semblante dela é muito sereno, não há odor”, disse a sobrinha e superintendente das Obras Sociais Irmã Dulce, Maria Rita Pontes, em entrevista à imprensa na época.


Dulce

Neste tempo de demofobia e radicalismos, saiu um bom livro para a alma. É “Irmã Dulce, a Santa dos Pobres”, do jornalista Graciliano Rocha. Canonizada no dia 13 de outubro de 2019 pelo Papa Francisco, seu primeiro milagre salvou uma gestante que se esvaía em sangue. No segundo, devolveu a visão a um homem que a perdera havia 14 anos. A narrativa de Graciliano nos dois casos é emocionante.

O maior milagre de Santa Dulce (1914-1992) foi ajudar os pobres da Bahia, invadindo casas desocupadas ou atraindo milionários como Norberto Odebrecht e poderosos como José Sarney.

Certo dia, ela pediu dinheiro a um comerciante de uma feira-livre, em Salvador, Bahia, e levou uma cusparada na mão direita estendida. Limpou a mão e estendeu a outra, dizendo:

− Isso foi para mim, agora o senhor vai dar alguma coisa para os meus pobres?

(Da coluna de Élio Gaspari, no Correio do Povo, setembro de 2019)

Papa será presenteado com pedaço do corpo de Irmã Dulce
 em relicário


A Arquidiocese de Salvador anunciou que o papa Francisco será presenteado com uma parte de corpo de Irmã Dulce, no dia 13 de outubro de 2019, data da cerimônia de canonização da santa, no Vaticano.

De acordo com a Arquidiocese, os restos mortais de Irmã Dulce serão entregues ao papa em um relicário, com uma pedra de ametista, em formato de coração. A parte do corpo será entregue ao papa não foi informada.

O ato é uma prática comum no catolicismo. Esse ano, o Papa Francisco doou um relicário com pedaços de ossos de São Pedro ao Patriarca Ecumênico de Constantinopla Bartolomeu I.


Santa Dulce dos Pobres, rogai por nós!


Cartaz na Basílica de São Pedro - Vaticano - Roma


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