quinta-feira, 10 de outubro de 2019

Quem falou primeiro?



Há tempo, por causa do “gol de placa” inventado pelo jornalista Joelmir Beting, perguntaram-me quem havia criado outras expressões do futebol, como “gol de bicicleta”, “dar carrinho” ou “meter entre as canetas”. Embatuquei − como foi que nunca procurei levantar isso? Para não perder pontos, perguntei se valia saber que o autor da palavra “robô” era o escritor tcheco karel Capek; de “cibernética”, o matemático americano Norbert Wiener; e de “fluxo da consciência”, o filósofo americano William James.

De “surrealismo”, o poeta Guillaume Apollinaire;
de “contracultura”, o historiador Theodore Roszak;
de “radical chic”, o jornalista Tom Wolfe;
de “a era do jazz”, o escritor F. Scott Fitzgerald;
e de “bebop”, o baterista kenny Clarke.

E a expressão “bossa nova”? Já era muito usada nos anos 1950, com significado de novidade. Mas foi o repórter Moyses Fuks, da Última Hora, quem a aplicou à nova música que surgia − e só então Tom Jobim, Vinicius de Moraes e João Gilberto foram informados de que haviam criado a “bossa nova”.

Quem chamou os filmes de Glauber Rocha e outros de “cinema novo”? Foi o crítico Ely Azeredo. Quem falou primeiro em filme noir? Outro crítico, o francês Nino Frank. E em nouvelle vague? A jornalista Françoise Giroud. E quem apelidou de Oscar o famigerado boneco? O repórter Sidney Skolsky.

Quantos saberão quem batizou o Rio e quando? Foi o navegador florentino Américo Vespúcio, quando passou por aqui, em 1º de janeiro de 1502, a bordo da expedição do português Gonçalo Coelho. Vespúcio viu a baia de Guanabara e sapecou: Rio de Janeiro. Que nós adoramos e logo simplificamos para Rio.

Pergunte-me agora quem criou os famosos “geraldino” (torcedor da geral), “arquibaldo” (da arquibancada), “macário” (carregador de maca), “onde a coruja dorme” (interseção entre o travessão e a trave) e “feliz que nem pinto no lixo”. Fácil: o radialista Washington Rodrigues, o Apolinho.

(Do livro “A arte que querer bem – crônicas”, de Ruy Castro)
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