“Quem planta seus males espanta”.
Plantar por prazer, para ver
depois que a terra é boa
e se entrega à força vital da
semente,
aceitando o conselho de evoluir.
Na competição da matéria,
na corrida da Natureza para
atingir sempre as formas mais elevadas,
na busca contínua de vislumbrar o
mistério máximo,
quem planta é aquele que mais
ajuda.
É o que socorre a Terra nas suas
súplicas...
A terra bruta quer evoluir,
tornar-se em vegetais.
Quem a cultiva vai ao encontro
dos seus desejos.
Quanto maior a dedicação, mais
generosas serão as colheitas.
Talvez se possa até, nas
madrugadas, ouvir a canção da Terra:
Cuida-me bem, cultiva-me.
Eu quero evoluir para mais
tarde,
Transformada em legumes,
frutos, flores e perfumes,
Ser algum dos teus
pensamentos, ações e emoções.
Se não me amparas e me tratas,
não posso dar-te alimentos.
Sem a tua orientação, só
poderei me transformar
Em ervas daninhas, evoluir
desordenadamente e esterilmente...
Não terei objetivos, nem
justos nem precisos.
Tu que já estás no ponto mais
alto da escala
Que nós, matéria, vamos
construindo
Para atingir a verdade da
vida,
Baixa a cabeça para mim e
dá-me a tua mão...
Não te lembras que já foste o
que ainda sou?...
E a voz da Terra continua
pelos tempos...
Sua canção simples e sincera
vai ecoando pelas madrugadas,
Em sons banhados pela luz das
últimas estrelas...
*Militar paraquedista, ecologista numa época em que ninguém usava esse termo no Brasil
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