Ainda são comuns nas rádios do
interior, programas de avisos, que servem para que as pessoas da cidade se
comuniquem com quem mora no campo e, às vezes, nem telefone tem. É simples: a
pessoa liga para a rádio, dita um texto passando alguma informação e esse é
lido no ar. Nesses programas já ouvi pérolas fantásticas, como as que seguem.
A chave
- Alô, Dona Maria Silva, na
comunidade do Rincão do 28! Dona Maria, do Rincão do 28! Deixei a chave de casa
debaixo da pedra branca perto da porteira! Quem avisa é o Ezequiel.
O varal
- Atenção no Passo Novo,
Vera Lúcia. Estou indo no ônibus das seis da tarde. Me busca na parada e, por
favor, leva o Varal. Assinado, Marco Antônio.
Depois fui
descobrir que o Varal em questão era o cachorro da família.
O estudioso
- Atenção na Fazenda Santa
Maria, Josefa Almeida. Eu rodei em Matemática. Por favor, não conta pro pai.
Assinado, Júnior, teu filho.
O casório
- Alô Pedro, peão da
fazenda Rancho Fundo. Alô Pedro, da fazenda Rancho Fundo. A tua irmã vai casar
amanhã. A égua foi vendida para o mortadela. Assinado, Maria Aparecida, tua
mãe.
Claro que,
nesse caso, a dona Maria Aparecida misturou dois assuntos diferentes. Eu acho.
Morreu?
- Atenção no Sítio Dom
Bosco, Antônio Camargo. No Sítio Dom Bosco, Antônio Camargo. A Elizabete, nossa
filha, está muito mal no hospital. O corpo será velado na capela B da Santa
Casa... Quem assina é Rita, sua esposa.
Nasceu!
- Atenção na fazenda São João, Paulo. Paulo da Fazenda
São João. A égua do seu Manoel deu cria. A tua mulher também. É um guri. Vem
para o batizado amanhã. Assinado, teu irmão Jorge.
O Jorge
soube aproveitar o que chamamos em jornalismo de “gancho”.
O pai
- Atenção na Fazenda São
Gabriel, Alemão. Atenção, Alemão. A Judite, tua mulher, deu a luz ao Frederico
teu filho. É um negrinho e tem muita saúde. Parabéns. Assinado, Gorete, tua
mãe.
Sensibilidade
Recebo essa
contribuição do professor Glauber Pereira, de Bagé (RS):
Um famoso comentarista de uma
emissora de Bagé fazia a transmissão de uma partida da cidade, mas estava com a
cabeça em outro lugar. Tudo porque um conhecido cartola da cidade, chamado
Major Segredo, estava mal no hospital. O comentarista resolveu colocar os
ouvintes a par do estado de saúde do cartola e usou toda a sensibilidade
possível:
- Meus caros, informo que a
vocês que o Major Segredo está mal no hospital. O Major Segredo pode morrer a
qualquer momento...
De fato, o Major Segredo morreu.
Porém, nosso comentarista, não contente em anunciar a morte aguardada, via
transmissão de rádio, apresentou outra pérola. Por ser amigo do finado desde
tempos idos, a viúva o convidou para se despedir do amigo com canções. No dia
seguinte ao velório, nosso comentarista não teve dúvidas - nem
modéstia -
em sua participação no programa de rádio:
- Gente,
o enterro do Major Segredo estava um espetáculo!
Padre enrolado
Um padre lia trechos da Bíblia em um
breve espaço em uma rádio popular. O programa era ao vivo. Certo dia, ele
deveria ler Mateus 25, onde diz:
“Tive fome, e não me destes de comer.
Tive sede, e não me destes de beber. Era peregrino e não me acolhestes. Estive
nu e não me vestistes”.
Só que na
última parte, o padre se enrolou:
- Estive
nu e não me visitaste... Desculpe... Estive nu e não me visi... não me
vestistes.
Insetos?
Alguns
locutores gostam de “tomar as dores” do povo e reclamar para valer. Além de
tentarem resolver os problemas dos ouvintes, também criam simpatia com eles.
Esse, por exemplo, entrevistava o subprefeito de uma localidade e cobrava
medidas quanto a infestação de ratos no local.
- ...é
um rato maior que o outro! Dá até pra fazer coleção de ratos! A subprefeitura
tem um trabalho de acabar com esses insetos lá naquela região?
Novo corte de carne
Durante o anúncio das promoções
do dia de um supermercado, um radialista do interior do Rio Grande do Sul, sem
querer, criou um nome criativo para um corte de carne. Ele deveria anunciar a
chuleta suína, em
promoção. Acabou misturando as duas palavras.
‒ Hora certa no giro da notícia para Super Feliz. Hoje tem a
chulina... (pausa) A chuleta suína...
Vivo ou morto?
Durante a transmissão de um
campeonato de futebol infantil que acontece anualmente em Alegrete, na
fronteira-oeste do Rio Grande do Sul, o narrador era o meu amigo Toninho de
Lima e, nos estúdios, fazendo o plantão, o radialista local Everaldo Balejos.
Primeiro dia de transmissão e o narrador faz toda aquela abertura poética.
Anuncia um por um dos integrantes da equipe, até que chega ao plantonista.
- E no
nosso plantão esportivo Everaldo Balejos! Boa Noite Everaldo.
Ele responde.
- Boa noite a toda a equipe
da Minuano FM. Quero mandar um grande abraço para o saudoso Toninho de Lima,
nosso narrador...
E por aí vai...
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