A escolha
Conto polaco de Maria
Komorewska
Havia no extremo da aldeia uma casa
mais bonita do que todas as outras e onde morava um casal de camponeses muito
ricos e muito respeitados.
Quando seu filho único chegou à idade
de se casar, os parentes começaram a pensar em arranjar-lhe uma companheira
digna dele, de sua afortuna e de sua situação.
Isso não era fácil; não porque
faltassem na aldeia e seus arredores moças bonitas e honestas; ao contrario,
havia muitas e todas, desejosas de obter bom casamento, faziam alarde de seus
atrativos pessoais e de suas virtudes domesticas.
Como se
decidir entre tantas? Um dia a esposa disse ao marido:
- Ouve, Dimitri. Nunca
chegaremos a conhecer bem o caráter de uma moça, que nos conheça. Disfarça-te
em um mendigo e vai de casa em casa e de aldeia em aldeia pedir esmola. A moça,
que te tratar melhor, será nossa nora.
O camponês resolveu tentar a
experiência. Mas, para torná-la mais segura, em vez de mendigo fingiu ser um
vendedor ambulante, trazendo em seu saco bugigangas variadas e tentadoras.
Andou, assim durante um dia inteiro e
só voltou á noite, fatigado e de mau humor. Nem animo para entrar em casa teve;
deixou-se cair, pesado, em um banco, que havia á porta e começou a palpar a
face direita.
-
Então? -
perguntou-lhe a esposa, toda cheia de curiosidade.
- Ora... não consegui
decidir. Andei de casa em casa; Dirigi-me a todas as moças o mais galantemente
possível e todas me trataram com igual amabilidade, mostrando-se igualmente
lisonjeadas por minhas atenções e elogios.
- Mas
porque estás com o rosto assim marcado?
- Por causa de uma, que
parece maluca. Ao primeiro galanteio, que lhe dirigi, deu-me um senhor tapa,
que me fez ver estrelas...
A esposa deu
um verdadeiro salto de alegria.
- E dizes que perdeste teu
dia? Minha escolha está feita. Esta é que deve ser nossa nora. É como se Deus
Nosso Senhor a tivesse indicado do céu.
A pedra
Texto de Leon Tolstoi
Um pobre foi
pedir esmola à casa de um rico. Este nada lhe deu.
- Saia
daqui! -
disse.
Mas o pobre não se moveu. Então, o
rico zangou-se e pegando numa pedra atirou-a. O pobre apanhou a pedra,
apertou-a de encontro ao peito e disse:
- Vou
guardá-la até quando, por minha vez, te possa atirá-la.
Passou o
tempo.
O rico cometeu uma má ação e,
despojado de tudo quanto tinha, foi conduzido ao cárcere. Vendo-o nesse estado,
o pobre acercou-se dele, puxou a pedra, que sempre trouxera consigo, junto ao
peito e fez o gesto de atirá-la; mas, refletindo, deixou-a cair no chão e
disse:
- Foi inútil conservar
durante tanto tempo esta pedra. Quando ele era rico e poderoso, temia-o, agora me
compadeço dele.
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