sábado, 25 de junho de 2016

Pequenos contos camponeses


A escolha

Conto polaco de Maria Komorewska


Havia no extremo da aldeia uma casa mais bonita do que todas as outras e onde morava um casal de camponeses muito ricos e muito respeitados.

Quando seu filho único chegou à idade de se casar, os parentes começaram a pensar em arranjar-lhe uma companheira digna dele, de sua afortuna e de sua situação.

Isso não era fácil; não porque faltassem na aldeia e seus arredores moças bonitas e honestas; ao contrario, havia muitas e todas, desejosas de obter bom casamento, faziam alarde de seus atrativos pessoais e de suas virtudes domesticas.

Como se decidir entre tantas? Um dia a esposa disse ao marido:

- Ouve, Dimitri. Nunca chegaremos a conhecer bem o caráter de uma moça, que nos conheça. Disfarça-te em um mendigo e vai de casa em casa e de aldeia em aldeia pedir esmola. A moça, que te tratar melhor, será nossa nora.

O camponês resolveu tentar a experiência. Mas, para torná-la mais segura, em vez de mendigo fingiu ser um vendedor ambulante, trazendo em seu saco bugigangas variadas e tentadoras.

Andou, assim durante um dia inteiro e só voltou á noite, fatigado e de mau humor. Nem animo para entrar em casa teve; deixou-se cair, pesado, em um banco, que havia á porta e começou a palpar a face direita.

- Então? - perguntou-lhe a esposa, toda cheia de curiosidade.

- Ora... não consegui decidir. Andei de casa em casa; Dirigi-me a todas as moças o mais galantemente possível e todas me trataram com igual amabilidade, mostrando-se igualmente lisonjeadas por minhas atenções e elogios.

- Mas porque estás com o rosto assim marcado?

- Por causa de uma, que parece maluca. Ao primeiro galanteio, que lhe dirigi, deu-me um senhor tapa, que me fez ver estrelas...

A esposa deu um verdadeiro salto de alegria.

- E dizes que perdeste teu dia? Minha escolha está feita. Esta é que deve ser nossa nora. É como se Deus Nosso Senhor a tivesse indicado do céu.

A pedra

Texto de Leon Tolstoi


Um pobre foi pedir esmola à casa de um rico. Este nada lhe deu.

- Saia daqui! - disse.

Mas o pobre não se moveu. Então, o rico zangou-se e pegando numa pedra atirou-a. O pobre apanhou a pedra, apertou-a de encontro ao peito e disse:

- Vou guardá-la até quando, por minha vez, te possa atirá-la.

Passou o tempo.

O rico cometeu uma má ação e, despojado de tudo quanto tinha, foi conduzido ao cárcere. Vendo-o nesse estado, o pobre acercou-se dele, puxou a pedra, que sempre trouxera consigo, junto ao peito e fez o gesto de atirá-la; mas, refletindo, deixou-a cair no chão e disse:

- Foi inútil conservar durante tanto tempo esta pedra. Quando ele era rico e poderoso, temia-o, agora me compadeço dele.


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