quinta-feira, 2 de junho de 2016

Ano 2070 – a catástrofe está chegando...




Sem ser catastrófico ou sensacionalista, isto pode ser verdadeiro.
Depende de nós... e só de nós...


Carta escrita no ano de 2070

Ano 2070. Acabo de completar os 50 anos, mas a minha aparência é de alguém de 85. Tenho sérios problemas renais, porque bebo muita pouca água. Creio que me resta pouco tempo. Hoje sou uma das pessoas mais idosas nesta sociedade.

Recordo-me quando tinha 5 anos. Tudo era muito diferente. Havia muitas árvores nos parques, as casas tinham bonitos jardins e eu podia desfrutar de um banho de chuveiro de cerca de meia hora. Agora usamos toalhas em azeite mineral para limpar a pele. Antes, todas as mulheres mostravam suas belas cabeleiras. Agora devemos raspar a cabeça para mantê-la limpa sem água. Antes, o meu pai lavava o carro com água que saía de uma mangueira. Hoje, os meninos não acreditam que a água se utilizava dessa forma. Recordo que havia muitos anúncios que diziam: “Cuidem da água”... Só que ninguém ligava pra isso: pensávamos que a água jamais poderia acabar. Agora, todos os rios, barragens, lagoas e mantos aqüíferos estão irreversivelmente contaminados ou esgotados. Antes a quantidade de água indicada – como ideal – para uma pessoa beber diariamente era de oito copos por dia. Hoje, só posso beber meio copo.

A roupa é descartável, o que aumenta grandemente a quantidade de lixo; tivemos que voltar a usar os poços sépticos (fossas) como banheiro, exatamente como no século passado, porque as redes de esgoto estão entupidas por falta de água.

A aparência da população é horrorosa: corpos desfalecidos, enrugados pela desidratação, cheios de chagas na pele pelos raios ultravioletas, já que não tem a capa de ozônio que os filtrava na atmosfera. Imensos desertos constituem a paisagem que nos rodeia por todos os lados. As infecções gastrointestinais, enfermidades da pele e das vias urinárias são as principais causas de morte nos dias de hoje. A indústria está paralisada e o desemprego é dramático. As fábricas dessalinizadoras são a principal fonte de emprego e pagam com água potável em vez de salário (lembrar que salário veio em função do pagamento com sal).

Os assaltos por litro de água são comuns nas ruas desertas. A comida é 80% sintética. Pela ressequidade da pele, uma jovem de 20 anos tem a aparência de 40. Os cientistas investigam, mas não há solução possível. Não se pode fabricar água, o oxigênio também está degradado por falta de árvores, o que diminuiu o coeficiente intelectual das novas gerações. Alterou-se a morfologia dos espermatozóides de muitos indivíduos como conseqüência há muitos meninos com insuficiências, mutações e deformações. O governo até nos cobra pelo ar despoluído que respiramos. 137 m³ por dia por habitante adulto é o que nos permitem. Acima disso, pagamos caro, às vezes, com a própria vida. As pessoas, que não podem pagar, são retiradas das “zonas ventiladas”, que são dotadas de gigantescos pulmões mecânicos que funcionam com energia solar. Não são de boa qualidade, mas se pode respirar. A idade média de quem não pode pagar pelo ar das zonas ventiladas é de 35 anos. Em alguns países ficaram manchas da vegetação com seu respectivo rio, que é fortemente vigiado pelo exército, a água se tornou um tesouro muito cobiçado, mais do que ouro ou os diamantes. Aqui não há árvores, porque quase nunca chove, e, quando chega a se registrar uma precipitação, é de chuva ácida; as estações do ano têm sido severamente transformadas em função da transformação do clima global.

Éramos constantemente advertidos que devíamos cuidar do meio ambiente, mas fizemos pouco caso. Quando minha filha me pede que lhe fale de quando era jovem, descrevo a maravilha que eram os bosques. Falo-lhe das flores, do agradável que era tomar banho e poder pescar nos rios e barragens, beber toda a água que se quisesse e de como as pessoas eram saudáveis. Ela me pergunta: “Papai, por que acabou a água?” Então sinto um nó na garganta; sinto uma imensa culpa porque pertenço à geração que terminou destruindo o meio ambiente por não termos a consciência da preservação e do cuidado.

Agora, os nossos filhos pagam um preço alto pelas nossas irresponsabilidades, e, sinceramente, creio que a vida na terra já não será possível dentro de muito pouco tempo, porque a destruição da natureza chegou a um ponto irreversível.

Como gostaria de voltar no tempo e fazer com que toda a humanidade compreendesse da importância de cuidarmos da natureza e da água. Devemos começar hoje, enquanto ainda há tempo de fazermos algo para salvar o nosso planeta Terra!



(Documento extraído da revista biográfica “Crônica de los Tiempos”, março de 2005) 




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