terça-feira, 21 de junho de 2016

Mais uma do Primo rico e do Primo pobre



Brandão Filho, primo pobre e Paulo Gracindo, primo rico.


E eis que neste momento aquele parente muito rico recebe a visita muito inoportuna do seu primo muito pobre:

Primo rico:

– A situação está péssima, ignóbil, abracadabrante, crocodilesca, escalafobética! Mas eu me preocupo com você. Afinal, somos do mesmo sangue. Meu pai tinha o mesmo sangue que o seu pai.

Primo pobre:

– É, primo, mas você ficou com o sangue todo. Outro dia fui fazer exame para saber quantos glóbulos vermelhos eu tinha.

Primo rico:

– E qual foi o resultado: quantos milhões de glóbulos?

Primo pobre:

– Quem sou para ter milhões, primo? O resultado deu um glóbulo.

Primo rico;

– Só um?!

Primo pobre:

– É. Ele dá sozinho a volta no meu corpo. É por isso que estou sempre tão fraco e com fome. Aliás, lá em casa, sustentar aqueles meninos é que tem sido a minha dor de cabeça.

Primo rico;

– Não me fale em dor de cabeça, primo, que eu tive uma dor de rachar na noite passada. Acho que foi do fígado, por causa de umas rãs à dorê que comi no jantar.

Primo pobre:

– Rã à dorê?

Primo rico:

– Sim, por quê? Você também come rã à dorê?

Primo pobre:

– Primo, quem sou eu para comer rã à dorê? Lá em casa eu ando de olho é numa lagartixa.



(Do livro “Feliz 1958 – o ano que não devia terminar”, 
de Joaquim Ferreira dos Santos.)


Nenhum comentário:

Postar um comentário