Brandão Filho, primo pobre e Paulo Gracindo, primo rico.
E eis que
neste momento aquele parente muito rico recebe a visita muito inoportuna do seu
primo muito pobre:
Primo rico:
– A situação está péssima, ignóbil,
abracadabrante, crocodilesca, escalafobética! Mas eu me preocupo com você.
Afinal, somos do mesmo sangue. Meu pai tinha o mesmo sangue que o seu pai.
Primo pobre:
– É, primo, mas você ficou com o
sangue todo. Outro dia fui fazer exame para saber quantos glóbulos vermelhos eu
tinha.
Primo rico:
– E qual foi
o resultado: quantos milhões de glóbulos?
Primo pobre:
– Quem sou
para ter milhões, primo? O resultado deu um glóbulo.
Primo rico;
– Só um?!
Primo pobre:
– É. Ele dá sozinho a volta no meu
corpo. É por isso que estou sempre tão fraco e com fome. Aliás, lá em casa,
sustentar aqueles meninos é que tem sido a minha dor de cabeça.
Primo rico;
– Não me fale em dor de cabeça, primo,
que eu tive uma dor de rachar na noite passada. Acho que foi do fígado, por
causa de umas rãs à dorê que comi no jantar.
Primo
pobre:
– Rã à
dorê?
Primo rico:
– Sim, por
quê? Você também come rã à dorê?
Primo pobre:
– Primo,
quem sou eu para comer rã à dorê? Lá em casa eu ando de olho é numa lagartixa.
(Do livro “Feliz 1958
– o ano que não devia terminar”,
de Joaquim Ferreira dos Santos.)
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