sexta-feira, 24 de junho de 2016

Psicologia Industrial



Samuel Goldwyn, um dos maiores nomes da história do cinema, que se notabilizou, sobretudo, como produtor, conversava certo dia, em seus escritórios, com um amigo. Este, impressionado com o grande número de auxiliares e funcionários de Goldwyn, que pareciam eficientíssimos, perguntou-lhe, a certa altura da conversa:

– Sam, vejo que há ao seu redor um grupo notável de empregados. Como é que você os escolhe? Segue algum método próprio?

– A sua pergunta não poderia vir mais a propósito, – retrucou o empresário. – Vou examinar agora alguns candidatos a empregos. Não quer ficar para assistir aos exames?

– Naturalmente.

O primeiro candidato foi introduzido na sala. Goldwyn fitou-o por alguns instantes e perguntou depois, à queima-roupa:

– Quanto é dois mais dois?

– Quatro, – replicou o examinando, sem um momento de hesitação.

– Muito bem... muito bem, – murmurou Goldwyn. – A sua resposta revela que você possui um espírito extraordinariamente preciso e pensa de forma clara e ordenada. Faça-me o favor de esperar na sala A.

Chegou a vez do segundo candidato.

– Dois mais dois quanto são? – repetiu Goldwyn.

O rapaz não vacilou:

– Seis, – redarguiu.

– Magnífico... magnífico, – tornou o magnata. – Sua resposta mostra que você não se atém à estupidez das convenções. Procura elevar-se acima do nível comum dos homens e revela grande originalidade. Espere na sala B, por favor.

Ao terceiro candidato foi feita a mesma pergunta:

– Dois mais dois quanto são?

– Trinta e seis, – foi a resposta imediata.

Goldwyn não conteve o espanto.

– Estupendo! Gigantesco! Fenomenal! Nunca ouvi nada parecido em toda a minha vida. Sua imaginação ultrapassa todos os limites imagináveis! Você é um verdadeiro Shelley vestido à moderna. Tenha bondade de esperar na sala C.

Depois que o candidato se afastou, Goldwyn voltou-se para o amigo.

– Muito bem, quem supõe você que vou empregar?

O outro pensou um pouco e respondeu:

– Imagino que seja o que respondeu trinta e seis.

– Pois imagina mal. O felizardo é o que disse seis.

– Mas não compreendo! Por quê? – tornou o amigo.

– Porque, – rematou o famoso cineasta, – ele é primo da minha mulher.

(Do Almanaque do Pensamento de 1979)



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