Samuel Goldwyn, um dos maiores nomes
da história do cinema, que se notabilizou, sobretudo, como produtor, conversava
certo dia, em seus escritórios, com um amigo. Este, impressionado com o grande
número de auxiliares e funcionários de Goldwyn, que pareciam eficientíssimos,
perguntou-lhe, a certa altura da conversa:
– Sam, vejo que há ao seu redor um
grupo notável de empregados. Como é que você os escolhe? Segue algum método
próprio?
– A sua pergunta não poderia vir
mais a propósito, – retrucou o empresário. – Vou examinar agora alguns
candidatos a empregos. Não quer ficar para assistir aos exames?
– Naturalmente.
O primeiro candidato foi introduzido
na sala. Goldwyn fitou-o por alguns instantes e perguntou depois, à
queima-roupa:
– Quanto é dois mais dois?
– Quatro, – replicou o examinando,
sem um momento de hesitação.
– Muito bem... muito bem, – murmurou
Goldwyn. – A sua resposta revela que você possui um espírito
extraordinariamente preciso e pensa de forma clara e ordenada. Faça-me o favor
de esperar na sala A.
Chegou a vez do segundo candidato.
– Dois mais dois quanto são? –
repetiu Goldwyn.
O rapaz não vacilou:
– Seis, – redarguiu.
– Magnífico... magnífico, – tornou o
magnata. – Sua resposta mostra que você não se atém à estupidez das convenções.
Procura elevar-se acima do nível comum dos homens e revela grande
originalidade. Espere na sala B, por favor.
Ao terceiro candidato foi feita a
mesma pergunta:
– Dois mais dois quanto são?
– Trinta e seis, – foi a resposta
imediata.
Goldwyn não conteve o espanto.
– Estupendo! Gigantesco! Fenomenal!
Nunca ouvi nada parecido em toda a minha vida. Sua imaginação ultrapassa todos
os limites imagináveis! Você é um verdadeiro Shelley vestido à moderna. Tenha
bondade de esperar na sala C.
Depois que o candidato se afastou,
Goldwyn voltou-se para o amigo.
– Muito bem, quem supõe
você que vou empregar?
O outro pensou um pouco e respondeu:
– Imagino que seja o que respondeu
trinta e seis.
– Pois imagina mal. O felizardo é o
que disse seis.
– Mas não compreendo! Por quê? –
tornou o amigo.
– Porque, – rematou o famoso
cineasta, – ele é primo da minha mulher.
(Do Almanaque do
Pensamento de 1979)
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