domingo, 5 de junho de 2016

Os 18 do Forte de Copacabana


O civil, entre eles


Uma das fotos icônicas da história brasileira mostra um grupo de militares armados caminhando pela orla da Praia de Copacabana. Chama muito a atenção de quem vê a fotografia a presença de um único civil entre os homens fardados. O mais longo estado de sítio que o país sofreu, de 1922 a 1927, com severa censura à imprensa e prisão de jornalistas, fez o personagem real desaparecer nas sombras da história oficial. Hoje, completam-se 130 anos do nascimento de Octavio Corrêa, aquele homem de Quaraí, RS, que trajando chapéu, terno, gravata e também com fuzil na mão estava junto dos rebeldes do Forte de Copacabana quando apenas 18 heróis enfrentaram 8 mil militares e muitos tombaram.


Octavio foi um deles. Registros dizem que ele desceu de carro a Serra de Petrópolis, tendo um cobertor enfiado no pescoço como um poncho, para ir morrer numa briga que não era sua. Nada disso confere com o homem elegante e sereno entre os líderes da marcha para a morte pela calçada e pelo leito da Avenida Atlântica – uma das mais famosas do mundo –, que a imagem dramática do fotógrafo Zenóbio Rodrigo do Couto, da revista O Malho, não deixa desmentir. Esse capítulo da História do Brasil, conhecido como o episódio dos “18 do Forte” e que nunca teve seus detalhes devidamente esmiuçados, será agora revelado.

O livro Octavio, O Civil dos 18 do Forte de Copacabana*, do jornalista Afonso Licks (Montenegro, 3/9/1953), trará informações inéditas sobre a motivação de Octavio Corrêa e os fatos que aconteceram em 5 e 6 de julho de 1922. A convite do Museu Histórico do Exército e Forte de Copacabana, a obra será lançada, com a presença do autor, no próprio Forte, no RJ, no dia 5 de julho, em ato de celebração à data da revolta de 1922. Em setembro, haverá o lançamento do livro em Quaraí. A Revolta dos 18 do Forte, também conhecida como Revolta do Forte de Copacabana, foi iniciada em 5 de julho de 1922 e encerrada no dia seguinte, na então Capital Federal.

Foi a primeira revolta do movimento tenentista. O levante teve como motivação buscar a queda da República Velha, cujas características oligárquicas, atreladas ao latifúndio e ao poderio dos fazendeiros (chamada de política do Café com Leite), opunham-se ao ideal democrático vislumbrado por setores das Forças Armadas, em especial de baixa patente, como tenentes, sargentos, cabos e soldados. O episódio, mesmo malsucedido, tornou-se um exemplo para militares e civis no país, marcando o início do movimento tenentista e dando origem a outras revoltas tenentistas, como a Coluna Prestes, a Revolta Paulista e a Comuna de Manaus. Esse movimento preparou o caminho para a revolução de 1930, que levou Getúlio Vargas ao poder.

(Do Almanaque Gaúcho de Zero Hora)

*O livro já está à venda na Martins Livreiro e na Palmarinca, em Porto Alegre.

Onde está o corpo de Octavio?

O jornalista e advogado Afonso Licks acaba de lançar o livro Octavio, o civil dos 18 do Forte de Copacabana. Na obra, ele relata detalhes de um capítulo mal contado da história do Brasil. Licks empreendeu profundas pesquisas para traçar o perfil do único civil a participar do movimento que levou jovens tenentes revolucionários a enfrentar a morte na calçada da praia mais famosa do mundo, Copacabana. O nome desse paisano é Octavio Corrêa (1886-1922), um gaúcho aventureiro e, até então, misterioso protagonista da ação em que 18 homens enfrentaram 8 mil militares governistas do presidente Epitácio Pessoa, na tarde do dia 6 de julho de 1922.


Jazigo da família Corrêa,
local em que deveriam estar os restos mortais de Octavio.
Foto: Jo Mira Palheta / Arquivo Pessoal

Depois da intensa fuzilaria, que durou pouco mais de 11 minutos, Octavio morreu, aos 36 anos, a caminho do Hospital da Santa Casa de Misericórdia. Octavio era o quinto dos 12 filhos de Carlos Alberto Corrêa, pecuarista de Quaraí, tão rico, que foi o maior pagador de impostos rurais e urbanos da Província nos anos de 1911, 1914 e 1915.

Trazido para Porto Alegre, o corpo de Octavio, depois de encomendado na cripta da Catedral Metropolitana, foi encaminhado, provisoriamente, ao cemitério da Santa Casa de Misericórdia, para ser enterrado "entre muros", pois o mausoléu da família Corrêa, no Cemitério São Miguel e Almas, ainda estava em construção. Embora exista um documento da saída dos restos mortais do cemitério da Santa Casa, estranhamente os despojos de Octavio não estão registrados na lista dos 19 parentes sepultados no jazigo 25, que é o mausoléu da família, ornado por um busto de seu pai, Carlos Alberto, no São Miguel e Almas. Como se vê, apesar dos esforços de Licks, algum mistério ainda ronda a breve vida (ou morte) de Octavio Corrêa.

(Do Almanaque Gaúcho de Zero Hora)


5 comentários:

  1. Caro Nilo, o Livro Octavio, O Civil dos 18 do Forte de Copacabana já pode ser encontrado no Martins Livreiro e na Palmarinca, em Porto Alegre. Muito obrigado pelo destaque. Seus leitores são convidados para a Exposição no Forte de Copacabana, de 6 a 31 de julho. Abraço.

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  2. Caro amigo Afonsos Lincks, parabéns por resgatar um fato marcante da História do Brasil. Recomendo a todos os leitores do nosso almanaque que leiam o livro e divulguem aos seus amigos.

    Um abraço de Nilo da Silva Moraes

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  3. Prezado Afonso.

    Boa tarde!

    Parabenizo-o pela obra e exposição e pergunto onde posso adquiri-lo aqui no Rio de Janeiro.

    Abraço,

    Professor Clarindo
    Instituto Amigos do Patrimônio Cultural-IAPAC
    amigosdopatrimonio@gmail.com
    (21) 2216-8500

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  4. Prezado Afonso.

    Boa tarde!

    Parabenizo-o pela obra e exposição e pergunto onde posso adquiri-lo aqui no Rio de Janeiro.

    Abraço,

    Professor Clarindo
    Instituto Amigos do Patrimônio Cultural-IAPAC
    amigosdopatrimonio@gmail.com
    (21) 2216-8500

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    1. Professor Clarindo, mantenha contacto com Martins Livreiro ou Livraria Palmarinca, aqui de Porto Alegre.

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