Ciro Monteiro por Baptistão
O cantor nasceu em Niterói, no Rio de Janeiro,
em 28 de maio de 1913 e faleceu em 13 de julho de 1973.
Era reconhecido como boa praça e
extremamente espirituoso. O Formigão, apelido dado pelo compositor e parceiro
Eratóstenes Frazão, gozava da admiração de gente como Vinicius de Moraes, Chico
Buarque e Paulinho da Viola, que se divertiam das tiradas espirituosas do
cantor. Vinicius de Moraes chegou a declarar: “Ciro é um abraço em toda a
humanidade”.
O caricaturista e dirigente da Rede
Globo, Mauro Borja Lopes, o Borjalo, foi testemunha de uma destas hilárias
histórias de Formigão, registrada no livro “À mesa do Vilariño” do jornalista e
compositor Fernando Lobo.
Lobo conta que Cyro Monteiro detestava
viajar de avião, mas devido aos compromissos profissionais em São Paulo , onde
apresentava o programa “Noite de Gala”, tinha que se resignar e enfrentar o
pânico de avião, afinal, o salário era compensador.
Em um desses voos, antes da
decolagem, Ciro rezou em voz baixa, mas suficiente para os mais próximos
ouvirem:
- Meu São Andreatto,
protegei o comandante, pai de filhos lindos e marido de uma moça jovem.
Protegei toda a tripulação.
A decolagem foi feita sem problema,
mas ao ver a aeromoça rindo piedosamente na sua direção, rezou novamente:
“São
Andreatto, protegei-nos a todos. Fazei com que cheguemos são e salvos no Rio”.
- Mas
quem é São Andreatto?, perguntou o cidadão sentado ao lado.
- São Andreatto? São
Andreatto nasceu em Lisboa em 1402. Não é muito divulgado e, portanto, me
agarro a ele, pois sendo tão desocupado tem bastante tempo para me atender. Eu
sei que São Andreatto está doido para se promover fazendo um milagre. A chance
é essa.
Fechou os
olhos e dormiu, sem reconhecer Borjalo que estava ao seu lado.
Ciro não deixou de brincar até mesmo a
poucos instantes da morte. O pesquisador Jairo Severiano conta em seu livro
“Uma história da Música Popular Brasileira – Das origens à modernidade”, que o
cantor, pouco antes de morrer, declarou à apresentadora de televisão Edna
Savaget:
- Leve um recado para os
amigos Vinicius de Moraes, Fernando Lobo e Reinaldo Dias Leme: diga para não
chorar, porque tenho encontro marcado com Pixinguinha, Stanislaw Ponte Preta e
Benedito Lacerda. Não bebo há dois anos e agora vou tomar o maior pileque da
minha vida.
Outra graça ocorrida, também pouco
antes da sua morte, está registrada no livro “Almanaque do Samba – A história
do samba, o que ouvir, o que ler, onde curtir”, do pesquisador André Diniz:
Os médicos fizeram um teste de
lucidez no cantor, que já estava em estado grave. Perguntaram-lhe seu nome e
Ciro, com um riso maroto, respondeu: Roberto Carlos. Foi sua última piada.
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