Texto que Raul Solnado escreveu e que foi colocado junto à sua
urna
Raul Augusto Almeida Solnado (Lisboa,
19 de Outubro de 1929 − Lisboa, 8 de Agosto de 2009) foi um humorista,
apresentador de televisão e ator português. É pai de Alexandra Solnado, José
Renato Solnado e de Mikkel Solnado, além de avô da atriz Joana Solnado.
Um vazio no tempo
“Numa das últimas vezes
que estive na Expo de Lisboa descobri estranhamente uma pequena sala
completamente despojada, apenas com meia dúzia de bancos corridos. Nada mais
tinha. Não existia qualquer sinal religioso e por essa razão pensei que aquele
espaço se tratava dum templo grandioso.
Quase como um espanto senti uma sensação que nunca sentira antes e de repente uma enorme vontade de rezar não sei a quê ou a quem. Fechei os olhos, apertei as mãos, entrelacei os dedos e comecei a sentir uma emoção rara, um silêncio absoluto e tudo o que pensava só podia ser trazido por um Deus que ali deveria viver e que me ia envolvendo no meu corpo adormecido. O meu pensamento aquietou-se naquele pasmo deslumbrante, naquela serenidade, naquela paz.
Quando os meus olhos se
abriram, aquele meu Deus tinha desaparecido em qualquer canto que só ele
conhece, um canto que nunca ninguém conheceu e quando saí daquela porta corri
para a beira do Tejo para dar um berro de gratidão com a minha alma e sorri
para o Universo.
Aquela vírgula no tempo
foi o mais belo minuto de silêncio que iluminou a minha vida, que me fez
reencontrar e que me deu a esperança de que num tempo que seja breve, me volte
a acontecer.
Que esse Deus assim queira!
"Raul Solnado”
Do
arquivo morto
Importante bilhete que meu tio me deixou, antes de
morrer,
esclarecendo um caso que esteve envolvido como
testemunha.
Sou obrigado a relatar o
que aconteceu, com objetividade e sem grandes preocupações literárias, visto
que este é o último papel que me resta e, além disso, a fita da máquina está
demasiadamente gasta e temo que para o final da história muitas letras estejam
imperceptíveis, podendo resultar, para quem lê, numa interpretação incorreta
dos fatos, prejudicando não só as pessoas que, de uma maneira ou de outra,
estiveram envolvidas num caso repugnante e altamente escandaloso e cujos nomes
mencionarei sem dúvida alguma assim que for chegado o momento. O terrível
incidente em questão, além de macular o nome de duas grandes famílias, distorce
a imagem do país no estrangeiro e envergonha a raça humana. A necessidade de
contar tudo de maneira correta é aumentada agora pelo fato de minha sobrinha
ter fechado os meus óculos à chave, e o natural cansaço dos meus olhos faz com
que az litras danzem, o que poderá ter como consequência as palivras ficarem
com latras traçadas, e qualquer truca de um nome poderá não só ilobar o cukpado
como incrumynar om onicente.
Retas difer que suo o ínico
pestemunha que koja msmoseghirei pêra o canyte poque n’o qiero omu nme ecolvido
nets escavdio. Vou cojtra tudo com onetidade e onetidade polque o ppel está
acabando: Ama Res desmofaba do cavalo, para beber aqgaú, seu pymt netysui e
seus jetys priugdi, estavam escoj dioheh nsty nety, e seguidamente difama memsm
covrdemente, atacaram pelas costradas terba sdnet asdiru dijah osd.
Psiinnd b bsuiftzz ççsm hdh
oi crime çah no foi.
(Texto de Raul
Solnado, humorista português)
Pensamentos de Raul Solnado
“Nós demos aos brasileiros a terra, o povo e a língua - e
nós é que temos sotaque!”
“Tá lá? É da maternidade? Olhe
minha senhora, já nasceu o meu filho? Como? Cesariana? Não minha senhora, é um
rapaz e nem sequer tem nome!”
“Quando o médico me deu uma palmada no rabo, em vez de
chorar, dei uma gargalhada.”
“Façam o favor de
ser felizes”…
Querido Irmão Nilo,
ResponderExcluirAs contribuições que fazes para ampliar a cultura geral de teus leitores, para entretenimento saudável de curiosidades históricas, biográficas, bibliográficas, fruto de tuas leituras e da tua sabedoria iluminada são muito valiosas. Nas narrativas deste blog consigo OUVIR TUA VOZ, com a tua amabilidade, fazendo estas interessantes narrativas que tornam este espaço um recanto encantador. Muito obrigado pela tua dedicação e por compartilhar teus conhecimentos e tuas pesquisas com tanta generosidade. Abraços.
São palavras elogiosas como as tuas, que faz com que eu prossiga
Excluirno meu trabalho de pesquisa e o prazer que tenho em compartilhar tudo com os amigos, como tu, um irmão e um dileto amigo.
Nilo da Silva Moraes