quinta-feira, 9 de maio de 2019

A Lenda do Caverá


Conta a lenda que a região, em passado remoto, era terra de uma tribo dos Minuanos, índios bravios dos campos, ao contrário dos Tapes e Guaranis gente mais "chucra". Entre os referidos Minuanos, destacava-se o personagem de Camaco, guerreiro forte e valente que vive uma paixão não correspondida por Ponaim, uma jovem da tribo, que só amava a sua própria beleza... 

O fruto de suas caçadas, valiosos troféus de seus combates, Camaco vinha depositar aos pés de Ponaim, sem conseguir despertar nela qualquer interesse por sua pessoa. 

Um dia, achando que lhe dava uma tarefa impossível, Ponaim disse que só se casaria com Camaco se ele trouxesse a pele do Cervo Berá para forrar o leito do casamento. O Cervo Berá era um cervo encantado de pelo brilhante. O mato era território dele: Caa-Berá, Caaverá, Caverá, finalmente. 

Então Camaco resolveu caçar o cervo encantado. Montando o seu melhor cavalo, armado com vários pares de boleadeiras, saiu a rastrear, dizendo que só voltaria depois de caçar e courear o Cervo Berá. 

Depois de muitas luas, num fim de tarde ele avistou a caça tão procurada na aba do cerro. O cervo estava parado, cabeça erguida, desafiador, brilhando contra a luz do sol morrente. Sem medo, Camaco taloneou o cavalo, desprendeu da cintura um par de boleadeiras e fez as pedras zunirem, arrodeando por cima da cabeça. Então, no justo momento em que o Cervo Berá deu um salto para frente quando o guerreiro atirou as Três Marias, houve um grande estouro no cerro e uma cerração muito forte cobriu tudo. Durante três dias e três noites os outros índios campearam Camaco e seu cavalo, mas só acharam uma grande caverna que tinha se rasgado na pedra dura do cerro e por onde, quem sabe, Camaco e seu cavalo tinham entrado a galope atrás do Cervo Berá para nunca mais voltar. 

***** 

Segundo o “Nico” (Antonio Augusto Fagundes), João Cezimbra Jacques conta esta mesma lenda em "Assuntos do Rio Grande do Sul", mas dá um nome guarani a índia, chamando-a de “Nhuivoty”, que quer dizer “campo das flores”, acrescentando ainda, que ela já era casada com o personagem principal da história. Já Dante de Laytano chama a lenda de “Cavalo Encantado”, repetindo a versão de Apolinário Porto Alegre, com um triângulo amoroso de nomes guaranis: “Jaguareté-Piré”, a índia que ele amava, “Poty-poran” e o amado dela, “Inhancá-guará”. 

Texto pesquisado e desenvolvido por Rosane volpatto 

Bibliografia consultada 

Mitos e Lendas do Rio Grande do Sul - Antonio Augusto Fagundes

Estórias e Lendas do Rio Grande do Sul - Barbosa Lessa 


Nenhum comentário:

Postar um comentário