Ary Barroso
Eu encontrei uma havaiana branca
de braço com um palhaço, lá na
Galeria.
Eu vi uma holandesa, que era uma
beleza,
sambando com um careca tipo
carestia.
Fazendo chope duplo na barraca,
eu vi uma sultana mesmo da
fuzarca,
tendo por companheiro um velho
gaiteiro,
breve contra a folia.
Passou por mim uma cigana rara,
que era um desafio ao meu
comportamento,
adiante se encontraram ela e o
complemento,
ele fantasiado com jeitão de
arara.
Mas o que me fez vir água na
boca,
foi essa coisa louca que passo a
contar.
Eu vi um morenão ali no Serrador,
Que taco! Um amor!
A tal morena era um desacato,
“It” ali era mato.
Pulava, sambava, gingava e
desacatava.
Quando falei com ela,
meu Deus, que decepção!
A tal morena se denominava,
o quê?
“Quincas Peroba Xisto
d'Assunção”.
(Breque)
Ai que bruta confusão!
Aaaaaaaaa!!!
Ari Barroso aproveitou a folia de
1942 para escrever uma das suas melhores e mais bem-humoradas letras ao compor
o samba Coisa do Carnaval, gravado em
março pelo conjunto Quatro Ases e um Coringa. Os versos contam a história,
tantas vezes repetida depois, do sujeito que se encanta pela foliona fantasiada
e, em seguida, descobre que se trata de um travesti.
P.S. A gravação original dessa
música “Coisas do Carnaval”, é de 1942 com Quatro Ases e um Coringa, disponível
na internet. Há, também, uma gravação dessa música com o Trio Irakitan.
Ari Barroso morreu há 55 anos, em
9 de fevereiro de 1964, em pleno carnaval, no dia em que o Império Serrano o
homenageava com o enredo (e o grande samba de Silas de Oliveira) Aquarela
brasileira.
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