1936
(Noel Rosa / João Mina)
Refrão:
De babado, sim,
Meu amor ideal,
De babado, não.
Meu amor ideal,
De babado, não.
De babado, sim,
Meu amor ideal,
De babado, não.
Seu vestido de babado,
Que é de fato alta-costura,
Me fez sábado passado
Ir a pé a Cascadura.
(E voltei de cara-dura!)
Que é de fato alta-costura,
Me fez sábado passado
Ir a pé a Cascadura.
(E voltei de cara-dura!)
Refrão
Com um vestido de babado
Que eu comprei láem Paris
Eu sambei num batizado
Não dei palpite infeliz.
(Você não viu porque não quis!)
Que eu comprei lá
Eu
Não dei palpite infeliz.
(Você não viu porque não quis!)
Refrão
Quando eu ando a seu lado
Você sobe de valor,
Seu vestido sem babado
É você sem meu amor.
(É assistência sem doutor!)
Você sobe de valor,
Seu vestido sem babado
É você sem meu amor.
(É assistência sem doutor!)
Refrão
Quando andei pela Bahia
Pesquei muito tubarão,
Mas pesquei um bicho um dia
Que comeu a embarcação.
(Não era peixe, era dragão!)
Pesquei muito tubarão,
Mas pesquei um bicho um dia
Que comeu a embarcação.
(Não era peixe, era dragão!)
Refrão
Brasileiro diz “meu bem”
E francês diz “mon amour”,
Você diz: vale quem tem
Muito dinheiro pra pagar meu “point-à-jours”
(Eu ando sem “I'argent toujours!”)
E francês diz “mon amour”,
Você diz: vale quem tem
Muito dinheiro pra pagar meu “point-à-jours”
(Eu ando sem “I'argent toujours!”)
Refrão
Vou buscar um copo d'água
Pra dar à minha avó,
Não vou de bonde porque tenho mágoa,
Não vou a pé porque você tem dó.
(Vamos comprar o Mossoró¹!)
Pra dar à minha avó,
Não vou de bonde porque tenho mágoa,
Não vou a pé porque você tem dó.
(Vamos comprar o Mossoró¹!)
Refrão modificado:
De cavalo, sim,
Meu amor ideal,
Sem cavalo, não.
Meu amor ideal,
Sem cavalo, não.
De cavalo, sim,
Meu amor ideal,
Sem cavalo.
(Mas o cavalo de babado...)
(Mas o cavalo de babado...)
¹ Nome do cavalo vencedor do primeiro Grande Prêmio Brasil
em 1933.
Refrão
Tu me diz um verso agora
Que eu já vou me mandar
Não vou dizer porque tenho respeito
Estou com o verso aqui no peito
(Oi, você vai me desculpar...)
Que eu já vou me mandar
Não vou dizer porque tenho respeito
Estou com o verso aqui no peito
(Oi, você vai me desculpar...)
Um dia, Noel chega com um estribilho
que lhe parece excelente para o quarto de hora dos improvisos, pois nesse
samba, Noel Rosa e Marília Batista ficavam improvisando acrescentando dezenas
de versos em cada programa de rádio.
Perguntou ao João da Bahiana se sabia
de quem era, obteve pronta resposta:
- É do João Mina.
O da Bahiana explicou a Noel que o
Mina era tirador de samba (nome como eram conhecidos os “partideiros” da época)
do morro de São Carlos. Apresentados, Noel pediu a João Mina permissão para
mexer um pouco no estribilho (refrão) e depois acrescentar-lhes as segundas partes.
O outro concordou, inclusive em
deixar Noel gravá-lo.
Partido Alto
Partido Alto é o “samba-repente”: um
estilo de samba em que os participantes inventam os versos na hora em que estão
cantando. É um gênero de cantoria e, por vezes, é também uma forma de desafio.
É uma modalidade de samba no qual se
alternam cantando dois ou mais solistas. Compõe-se de uma parte coral (refrão
ou "primeira") e uma parte solo (música) na qual os versos são
improvisados ou são tirados do repertório tradicional. Os versos podem se
referir-se ou não ao assunto do refrão.
P.S. Foi ouvindo essa música “De babado” vindo
de uma festa na casa vizinha, é que, em 4 de maio de 1937, às onze horas da
noite, morreu Noel Rosa.
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