Foto O Globo
27.07.1949 - 20.10.2008
Luiz Carlos da Vila é da Vila da Penha
e de Vila Isabel. Na primeira, residiu, e na de Noel e Martinho, circulou,
cantou seus sambas e acabou ajudando a escola de samba a ganhar o campeonato de
1988 com o memorável “Kizomba – a festa da raça”. Então, ponha-se o plural, é
Luiz Carlos das Vilas, como ele gosta de falar.
A morte do compositor
O corpo do sambista Luiz Carlos
da Vila foi enterrado no início da tarde desta terça-feira, 21 de outubro de
2008, no Cemitério de Inhaúma, no Rio, ao som de suas principais músicas. Cerca
de 300 pessoas acompanharam a cerimônia e cantaram grandes sucessos do
compositor, como “O show tem que continuar” e “Kizomba, a festa da raça”. Luiz
Carlos morreu na segunda de manhã, de complicações decorrentes de um câncer, no
Hospital do Andaraí.
Vários amigos e sambistas estiveram
no velório de Luiz Carlos, realizado na quadra da escola de samba de Vila
Isabel. Entre eles, seus parceiros Zeca Pagodinho, Arlindo Cruz e Beth
Carvalho. A despedida do músico mereceu descontração, com direito a mesa de bar
e cerveja para relembrar o grande sambista.
Luiz Carlos da Vila estava internado
há 40 dias. O sambista, de 59 anos, lutava contra um câncer no intestino e já
havia sido operado em 2002. Seu famoso samba “Kizomba - A festa da raça” deu o
primeiro título para a Vila Isabel no desfile de escolas de samba cariocas. Entre
suas músicas conhecidas estão “Além da razão”, “Por um dia de graça”, “Doce
refúgio” e “O show tem que continuar”.
Luiz Carlos da Vila, conhecido como o
Poeta do Samba, era casado e tinha uma filha. Ele nasceu no bairro de Ramos,
mas morou grande parte da vida em Vila da Penha, de onde tirou o sobrenome
artístico. Ele também era assíduo frequentador da escola de samba de Vila
Isabel. O cantor e compositor chegou a compor um samba para concorrer para o
Carnaval 2009, junto com os parceiros Ivanísia, Acyr Marques e Alessandro
Silva. A composição chegou à final, na última sexta-feira, mas não se sagrou
campeã.
Ele estudou acordeom e violão, e na
década de 70 ia aos ensaios do bloco Cacique de Ramos, onde tocava e
apresentava seus sambas. Sua admiração por Candeia rendeu em 1998 um disco, “A
luz do vencedor”, pela CPC-Umes, dedicado exclusivamente à obra do compositor.
Músicas de Luiz Carlos da Vila
“O show tem que
continuar”
(de Arlindo Cruz / Sombrinha
/ Luiz Carlos da Vila)
O teu choro já não toca
Meu bandolim,
Diz que minha voz sufoca
Teu violão,
Afrouxaram-se as cordas
E assim desafina
E pobre das rimas
Da nossa canção.
Hoje somos folha morta.
Metais em surdina.
Fechada a cortina,
Vazio o salão.
Se os duetos não se encontram
mais
E os solos perderam emoção.
Se acabou o gás
Pra cantar o mais simples refrão.
Se a gente nota,
Que uma só nota
Já nos esgota
O show perde a razão.
Mas iremos achar o tom,
Um acorde com um lindo som
E fazer com que fique bom
Outra vez, o nosso cantar.
E a gente vai ser feliz,
Olha nós outra vez no ar,
O show tem que continuar...
Nós iremos até Paris,
Arrasar no Olímpia,
O show tem que continuar...
Olha o povo pedindo bis.
Os ingressos vão se esgotar.
O show tem que continuar...
Todo mundo que hoje diz,
Acabou vai se admirar,
Nosso amor vai continuar...
Nenhum comentário:
Postar um comentário