quinta-feira, 23 de maio de 2019

Honório Lemes um guerreiro dos pampas



Honório Lemos da Silva. conhecido como “O Leão do Caverá” nasceu em Cachoeira do Sul, RS em 23 de setembro de 1864 e morreu em Rosário do Sul, em 30 de setembro de 1930 foi tropeiro e pequeno proprietário pobre e quase analfabeto que, patriota, liberal convicto e admirador de Gaspar da Silveira Martins, ao rebentar a revolução federalista, em 1893, ingressou como simples soldado nas fileiras revolucionárias, chegando ao posto de coronel. Terminada a luta em 1895, voltou a se dedicar às lides campeiras.

Em 1923 voltou a pegar em armas, dessa vez para lutar contra a posse de Borges de Medeiros, que havia sido reeleito para o quinto mandato consecutivo no governo gaúcho. Em novembro do ano seguinte voltou a rebelar-se, dessa vez em apoio aos jovens oficiais militares que, liderados por Luis Carlos Prestes, sublevaram unidades do Exército no interior gaúcho contra o governo do presidente Artur Bernardes. Em 1925 foi preso e levado para Porto Alegre, porém, conseguiu fugir e exilou-se na Argentina. Apoiou a candidatura presidencial derrotada de Getúlio Vargas em 1930.

Honório terminou seus dias como posteiro na Estância Santa Ambrozina em Rosário do Sul. Quando se sentiu doente foi levado para o distrito de Pampeiro em Livramento, para a residência de seu sogro, Sr. Fulgêncio Silveira onde veio a morrer. Seu corpo foi levado para sepultamento em Rosário do Sul, cidade onde sempre residiu.

Fonte: blog do Léo Ribeiro


Descrição do General Honório Lemes

Honório de* Lemos tem 60 anos, mas aparenta muito menos, principalmente quando monta seu animal preferido e galopa pelos campos, com cinturão largo, de onde pende sempre uma espada com cabo trabalhado em marfim. Ninguém conhece os pampas com tanta intimidade como ele, um velho tropeiro que lutou na revolução de 1893 e na guerra civil de 1923. Não são apenas a espada longa e os dois imensos revólveres, tipo cowboy, que indicam ser ele o chefe. Honório ostenta outra espécie de distintivo: uma larga fita vermelha em volta da copa do chapéu, com as pontas caindo das abas sobre os ombros, em forma de galhardetes, como costumam usar os rebeldes gaúchos. Para os homens como Honório de Lemos, habituado a lutar sempre montado, os cavalos são mais importantes do que a munição. Os ataques, realizados sempre a galope, são acompanhados por gritos de guerra que se misturam com os disparos de revólveres e carabinas. Nessas cargas de cavalaria não faltam combates com lanças e espadas, na base do corpo-a-corpo, uma das muitas tradições das lutas do sul. (...).

(Do livro “As noites das grandes fogueiras
– Uma História da Coluna Prestes”,
de Domingos Meirelles)

*No livro, o autor, Domingos Meirelles, denomina-o de Honório de Lemos.

A morte do caudilho

Ao adoecer gravemente, fora transportado, contra sua vontade, para a casa de seu sogro, na Estação Porteirinha. O mal − tuberculose pulmonar, aos 65 anos de idade − não tinha mais cura. Entretanto, sonhava ainda com a vida e a guerra que se aproximava, a de 1930. O médico lhe recomendara todo cuidado e absoluto repouso.

− Cinco dias são bastante, doutor. − disse, então.

Não eram. Muito mais requeria a Medicina. Então Honório não se conteve:

− Mais do que isto é impossível, doutor. Então o Rio Grande vai levantar-se todo e eu fico aqui, atirado, como um molambo sem vida?...

Dias depois, falecia. Desaparecia, dentre os vivos, o “Leão do Caverá”, o “Tropeiro da Liberdade”, cercado pelos seus, pensando na liberdade do Rio Grande do Sul e do Brasil, libertação que, entretanto, se transformaria em grilhão contra o qual, certamente, o “velho” General Honório Lemes da Silva, se não houvesse falecido, se ergueria ao lado do “velho” Borges de Medeiros, seu antigo inimigo político, como se novamente tivesse os mesmos 29 anos com que ingressara na luta de 1893.

Walter Spalding

Como dizia Honório Lemes

(Uma história folclórica do general)

Diz que, em 19 de junho de 1923, durante o combate da Ponte do Ibirapuitã, no Alegrete, as metralhadoras dos chimangos legalistas de Flores da Cunha choviam balas nos maragatos revolucionários do general Honório Lemes.
– Não tem poblema – disse o general. – Se as bala vier por cima, nóis se abaixemo.
– E se vierem por baixo, general?
– Nesse caso, nóis pulemo.
– Mas, e se vierem no meio?
– Bueno, aí nóis se quebremo.*

*Há quem diga que foi: aí nóis se fudemo.

    
Na sua lápide, em Rosário do Sul, a frase de sua autoria revela as causas pelas quais tanto lutou: 

“Quero leis que governem homens 
e não homens que governem leis”.


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