Dom Dadeus Grings*
São
Paulo, há dois mil anos, garantia que se fosse só para este mundo que
tivéssemos colocado nossa esperança em Jesus Cristo , seríamos de todos os homens os mais
dignos de lástima. A morte constitui o último baluarte da vida. Cristo garante
uma morada eterna no céu.
Para
entrar nesta morada é preciso desvencilhar-se de muitos apegos. Jesus garantiu
ser mais fácil um camelo passar pelo buraco
da agulha que um rico entrar no Reino dos céus. Na sua época as cidades
tinham portões bem guarnecidos. Fechavam à noite e em tempos de guerra. Ficava
então disponível para os cidadãos apenas uma pequena porta, chamada de “buraco da agulha”. Não conseguindo
passar pelo portão, era necessário passar por este “buraco”, o que requeria certos cuidados.
Como
o “buraco” era pequeno, tornava-se
difícil passar com um camelo, que era o veículo daquela época. Em primeiro
lugar tinha que se apear. Além disso, descarregar tudo o que se tinha em cima. Depois era
preciso baixar o camelo: sua cabeça e dobrar os joelhos. Era necessário que
alguém o puxasse e outro o empurrasse, para assim atravessar o orifício das
muralhas da cidade. Este trabalho levava bastante tempo e exigia muito esforço.
É o símbolo que Cristo encontrou para ensinar como entrar no Reino de Deus: apear do orgulho,
descarregar os fardos da vida e contar com a ajuda dos outros: de Maria, dos
santos e amigos que, com sua oração, possibilitarão atravessar esta porta
apertada para ingressar no céu.
*Ex-arcebispo
da Catedral Metropolitana de Porto Alegre.
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