terça-feira, 8 de setembro de 2015

Primeiro Encontro

Benito Mussolini e Adolf Hitler


Quando seu avião aterrissou em Veneza em 14 de junho de 1934, Adolf Hitler se sentiu em decisiva desvantagem. Para começar, esquecera de vestir o uniforme. Ele é que pedira o encontro, mas, ainda novato como ditador, não previra que sua gabardine marrom seria ofuscada pela impecável postura do comandante-chefe da milícia fascista italiana. Além disso, dois fatores não o favoreciam: Mussolini falava alemão, enquanto ele não sabia italiano, e estava em território estrangeiro. Apesar das saudações militares, do bater das botas e da Horst Wessel Song, Hitler não tinha nenhum controle sobre seus nervos.

De sua parte, Mussolini planejava ser um perfeito anfitrião. Tinha a confiança de um homem que, depois de se declarar ministro da Guerra, da Marinha e da Aeronáutica, aprendeu então a nadar, voar e a montar a cavalo para assim poder revistar as tropas. Nem ele nem Hitler haviam passado de cabos-de-esquadra na última guerra, mas isso não precisava ser mencionado. Era o destino da Áustria que Mussolini queria discutir. Para tanto, levou seu convidado de carro até Strà, perto de Pádua, onde se fecharam na sala de visitas do palácio real.

Naquele ponto, a formalidade – e civilidade – terminou. A oposição despertou o maníaco em Hitler. “É minha vontade, e a vontade indomável do povo alemão”, gritou o Führer, “que a Áustria se torne parte integrante do Reich!” Il Duce berrou de volta que era resolução igualmente indomável da Itália que a Áustria permanecesse independente. Ouvintes ansiosos escutaram murros na mesa e declarações cada vez mais bombásticas. Finalmente a porta se abriu e ambos passaram por ela. Não se olharam. Cumprimentaram a multidão que os saudava e voltaram para Veneza em carros separados.

Mas faltava aturar jantares formais, um concerto de Wagner, a revista militar obrigatória. As despedidas foram frias. Qual foi sua impressão?, perguntaram a Mussolini mais tarde. “Um palhaço desvairado”, disse.


§ § §

(Do livro “Primeiros Encontros”, 
de Nancy Caldwell Sorel e Edward Sorel)
José Olympio – Editora


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