sábado, 26 de setembro de 2015

Tirar estrelas do chão



Quero compartilhar com você um texto que me encanta. Ainda não descobri o motivo desse meu fascínio. Talvez sejam as palavras carregadas de significados, ou talvez porque retrate momentos e conflitos que a gente enfrenta pelo simples ato de viver. É um texto poético, belíssimo, sensível e real. Você vai ver. Leio e ganho forças. É como se fosse um combustível.

Venho me deixando tocar por essas palavras desde a época da faculdade, e de lá para cá, tem acontecido bem assim: trabalho, trabalho, trabalho; fico cansada, encho o saco de trabalhar, prometo que vou mudar de vida, ficar na vagabundagem, sei lá, até mudar de profissão. Fico pra lá de indignada. Aí, lembro do texto, leio, e na sequência me energizo e me renovo. E afloram novas motivações! E continuo caminhando e cantando...

Veja agora o texto que me encanta. Escrito por Fernando de Azevedo*, há mais de meio século.

“Moço, eu estou nesse negócio de catar pedras faz bem uns cinquenta anos. Muita gente me dizia para largar disso – cadê coragem? Cada um tem que viver procurando alguma coisa. Tem quem procure paz, tem quem procure briga. Eu procuro pedras. Mas foi numa dessas noites da minha velhice que entendi porque eu nunca larguei disso: só a gente que garimpa pode tirar estrelas do chão.”

Fernando de Azevedo - Professor, educador, crítico, ensaísta e sociólogo
1894-1974


Agora pense comigo: nossa vida não é um constante garimpar? Por acaso não vivemos garimpando o chão de nossa realidade? E não é que tiramos estrelas dali? Então, está combinado, se a gente encher o saco, vamos ler o texto e continuar garimpando, pois sem garimpo, sem estrelas.

(Do Blog da Marli)

Não há garimpo na educação escolar sem o conhecimento do veio,
do aluvião, do leito do rio da sociedade.

*Fernando de Azevedo

(São Gonçalo do Sapucaí, 2 de abril de 1894 – São Paulo, 
18 de setembro de 1974)
foi um professor, educador, crítico, ensaísta e sociólogo brasileiro.


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