sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Histórias Maçônicas

A ata duvidosa

Balaústre nº 67

Aos 18 dias do mês de setembro do ano de 1835 E\V\ e 5835 V\L\, reunidos em sua sede, sito à rua da igreja nº 67, em lugar claríssimo, Forte e Terrível aos tiranos, situado abaixo da abóbada Celeste do Zenith aos 30.º e 5’ de Latitude da América Brasileira, ao Vale de Porto Alegre, Província de São Pedro do Rio Grande do Sul, nas dependências do Gabinete de Leitura onde funciona a Loj\ Maç\ Philantropia e Liberdade, com o fim de, especificamente, traçarem as metas finais para o início do movimento revolucionário com que seus integrantes pretendem resgatar os brios, os direitos e a dignidade do povo Riograndense. A sessão foi aberta pelo Ven\ Mestre, Ir\ Bento Gonçalves da Silva. Registre-se, a bem da verdade, ainda as presenças dos IIr\ José Mariano de Mattos, Ex - Ven\, José Gomes de Vasconcellos Jardim, Pedro Boticário, Vicente da Fontoura, Paulino da Fontoura, Antônio de Souza Neto e Domingos José de Almeida, o qual serviu como secretário a lavrou a presente ata. Logo de início, o Ven\ Mestre, depois de tecer breves considerações sobre os motivos da presente reunião, de caráter extraordinário, informou a seus pares que o movimento estava prestes a ser desencadeado. A data escolhida é o dia vinte de setembro do corrente, isto é, depois de amanhã. Nesta data, todos nós, em nome do Rio Grande do Sul, nos levantaremos em luta contra o imperialismo que reina no país. Na ocasião, ficou acertada a tomada da Capital da Província pelas tropas dos IIr\ Vasconcellos Jardim e Onofre Pires, que deverão permanecer, com seus homens, nas imediações da Ponte da Azenha, aguardando o contingente que deverá se deslocar desde a localidade de Pedras Brancas, quando avisados. Tanto Vasconcellos Jardim como Onofre Pires, ao serem informados, responderam que estariam a postos, aguardando o momento para agirem. Também se fez ouvir o nobre Vicente da Fontoura, que sugeriu o máximo cuidado, pois certamente, o Presidente Braga seria avisado do movimento. O Tronco de Ben eficiência fez a sua circulação e rendeu a moeda cunhada de 421$000, contados pelo Ir\ Tes\ Pedro Boticário. Por proposição do Ir\ José Mariano de Mattos, o Tronco de Ben eficiência foi destinado à compra de uma Carta de Alforria de um escravo de meia idade, no valor de 350$000, proposta aceita por unanimidade. Foi realizada poderosa Cadeia de União, que pela justiça e grandeza da causa, pois, em nome do povo Rio-grandense, lutariam pela liberdade, Igualdade a Humanidade, pediam a força e a proteção do G\A\D\U\ para todos os IIr\ e seus companheiros que iriam participar das contendas. Já eram altas horas da madrugada quando os trabalhos foram encerrados, afirmando o Ven\ Mestre que todos deveriam confiar nas LL\ (luzes) do G\A\D\U\ e, como ninguém mais quisesse fazer uso da palavra, foram encerrados os trabalhos, do qual eu Domingos José de Almeida, Secretário, tracei o presente Balaústre, a fim de que a história, através dos tempos, posse registrar que um grupo de Maçons, “Homens Livres e de Bons Costumes”, empenhou-se, com o risco da própria vida, em restabelecer o reconhecimento dos direitos desta abençoada terra, berço de grandes homens, localizada no extremo sul de nossa querida Pátria. Oriente de Porto Alegre, aos dezoito dias do mês de setembro de 1835 E\V\, 18º dia do sexto mês, Tirsi, da V\L\ ano de 5835.

Ir\ Domingos José de Almeida

Secretário

A verdade histórica

A maçonaria na Revolução Farroupilha: O balaústre nº 67

Os historiadores maçônicos têm se esmerado em encontrar documentação que comprove a participação decisiva da Ordem Maçônica na Revolução Farroupilha. Muito esforço tem sido desprendido no sentido de provar que a Maçonaria, e não apenas alguns maçons, organizou e sustentou a luta revolucionária. Essa iniciativa tem sido necessária, pois, de uma maneira geral, a história oficial tende a não reconhecer tal participação, uma vez que a identidade maçônica dos participantes maçons não era conhecida na época da revolução. Isto porque, naquela época, a Maçonaria era uma sociedade secreta.

Um dos fatos muito valorizado por alguns historiadores é o que se relaciona com a fuga de Bento Gonçalves do presídio na Bahia. Walter Spalding tratou deste assunto, e nos informa que Bento Gonçalves, que havia sido aprisionado em 1836 e enviado primeiro para o presídio Fortaleza da Lage, Rio de Janeiro, foi, pouco tempo depois, transferido para o Forte São Marcelo na Bahia, de onde fugiu.

A fuga de Bento Gonçalves do cativeiro na Bahia, segundo alguns autores, se deu no momento em que ele foi identificado como maçom. A partir daí, todas as facilidades e oportunidades para a fuga foram criadas. Também se deve levar em conta o fato de que Bento Gonçalves retornou ao Rio Grande do Sul em setembro de 1837. Se tais facilidades e oportunidades de fuga foram criadas pela a ação de maçons, é ainda uma questão em aberto.

Morivalde Calvet Fagundes, conhecido escritor gaúcho que tem vários trabalhos publicados sobre a maçonaria, comenta em seus escritos documentos do período farroupilha que dão conta de rituais de iniciação maçônica de Thomas Ferreira do Valle, em 1839, na cidade de São Gabriel, e de David Canabarro, 1841, na cidade de Alegrete.

Ainda nessa busca, Carlos Dienstbach cita um documento especial que reforça a sua convicção no sentido de que Bento Gonçalves tenha filiado lojas e maçons nos locais percorridos pelos revolucionários. Também Spencer Lewis Leitman e Moacyr Flores afirmam que Bento Gonçalves organizou e fundou Lojas Maçônicas por onde passava, nas suas lides revolucionárias.

Com todos esses indícios que apontam para uma forte participação da maçonaria na Revolução Farroupilha, não há uma prova conclusiva, indubitável, de que a maçonaria tenha tido uma participação decisiva na dita revolução.

Os pesquisadores continuaram buscando um documento que comprovasse definitivamente a participação da maçonaria na Revolução Farroupilha. Dentre eles, é interessante mencionar Ricardo Brecher, que, em seu trabalho A Participação Da Maçonaria Na Revolução Farroupilha, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, Campos Santiago, 2007 (tópico 3.2 – Conspirações pré-guerra), põe em evidência a Ata número 67 de 18/09/1835, produzida pela Loja Maçônica Filantropia e Liberdade, de Porto Alegre, e cita outro autor, que comentou a mesma em seus escritos. Informa, ainda, sobre uma reportagem do jornal Correio do Povo, de Porto Alegre, o qual a divulgou em 16/09/2005. Entretanto, agora nos chega a informação de que tal balaústre é fictício, tendo sido elaborado pelo irmão Dante Bosio há uns 15 anos, quando apresentou uma palestra em Camaquã, RS.

Ao que parece, no decorrer dos anos, o Balaústre 67 foi incorporado à história da Revolução Farroupilha.

Ainda com relação ao Balaústre 67, no que pese o fato de o mesmo não ser real, fica muito difícil afirmá-lo. Além disso, ainda que não o seja, ele encerra muitas verdades, e parece ter sido esta a intenção do ir:. Dante Bósio, quando o elaborou para a sua palestra em Camaquã, RS. Do seu conteúdo pode-se entender que:

1 - No ano de 1835, o Rio Grande se levantou contra o Império Brasileiro, e esse levante é conhecido como a Revolução Farroupilha.

2 - O Balaústre expressa as causas e os descontentamentos que realmente levaram ao levante.

3 - O Balaústre expressa a determinação dos maçons daquela época em resgatar os direitos, os brios e a dignidade do povo rio-grandense.

4 - Os maçons daquela época, em suas reuniões, falaram, avaliaram, e discutiram, com certeza, sobre a revolução que estava prestes a estourar.

5 - De fato, Bento Gonçalves era maçom, e foi um dos líderes da revolução.

6 - Muitas outras verdades poderiam ser citadas...

Enfim, o senhor Brecher acreditava na literatura disponível à época e na veracidade de tal documento. E eu acreditei no senhor Brecher. Faço questão de ressaltar que ainda acredito no senhor Brecher que fez um bom trabalho sobre o tema em questão, no qual destacou a bravura e a dedicação de maçons como Bento Gonçalves e outros que lutaram na Revolução Farroupilha.

Como estudioso de assuntos maçônicos, tenho o compromisso com a boa informação, e, sobretudo, com o empenho de apreender sempre. O Balaústre número 67 foi um documento criado pelo irmão Dante Bósio com a melhor das intenções.

BIBLIOGRAFIA

1. A Revolução Farroupilha e o Balaústre 67;

2. Maçonaria: A Revolução Farroupilha e o " Famoso " Balaústre nº 6;

3. MOURA, Ricardo Brecher. Igualdade, Liberdade e Humanidade: a Revolução Farroupilha e a Influência da Sociedade Secreta Maçônica. Especialista em História pela Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, Campus Santiago – 2007;

4. Wikipédia, Enciclopédia Livre. Guerra dos Farrapos.

Elias Mansur Neto

Guatimozim, imperador do Brasil.

  
A trajetória de D. Pedro I foi, ao mesmo tempo, fugaz e fulminante. Em 2 de agosto de 1822 o ainda príncipe regente Pedro foi acolhido pelo Grande Oriente do Brasil como simples iniciante, no primeiro grau, por iniciativa do grão-mestre José Bonifácio. Na reunião seguinte, três dias depois, passou para o grau de mestre. E na sessão de quatro de outubro, ausente Bonifácio, D. Pedro foi aclamado grão-mestre, galgando assim em dois meses todos os degraus da Perfeição Universal – oito dias antes de sua aclamação pública como Imperador do Brasil.

A filiação do príncipe e futuro imperador D. Pedro I ao Grande Oriente em 1822 não foi originalidade brasileira e seguiu modelo comum na Europa. Havia uma espécie de jogo entre os maçons e o poder dos príncipes –aqueles buscando proteção e espaço e estes aproveitando para se legitimarem no campo das “novas ideias” e também controlar este tipo de atividade. Entretanto, a aliança brasileira não durou muito, pois 17 dias depois de ascender a grão-mestre, D. Pedro I proibiu por escrito as atividades maçônicas, assinando-se Pedro Guatimozim. Esse era o apelido maçônico do monarca e o nome do último chefe indígena asteca, chamado de imperador pelos espanhóis, que o assassinaram.


Hino da Maçonaria


(Autor: D. Pedro I)

Da luz, que se difunde, sagrada filosofia
surgiu no mundo assombrado, a pura maçonaria.

Maçons alerta, tende firmeza,
vingai direitos da natureza.
Da razão, parte sublime, sacros cultos merecia,
altos heróis adoraram a pura maçonaria.

Maçons alerta, tende firmeza vingai direitos da natureza.
Da razão, suntuoso templo, um grande rei erigia,
foi então instituída a pura maçonaria.

Maçons alerta, tende firmeza,
vingai direitos da natureza.
Nobres inventos não morrem, vencem do tempo a porfia,
há de os séculos afrontar a pura maçonaria.

Maçons alerta, tende firmeza,
vingai direitos da natureza.
Humanos sacros direitos, que calcará a tirania.
Vai ufana restaurando a pura maçonaria.

Maçons alerta, tende firmeza,
vingai direitos da natureza.
Da luz, depósito augusto, recatando à hipocrisia.
Guarda em si com zelo santo, a pura maçonaria.

Maçons alerta, tende firmeza,
vingai direitos da natureza.
Cautelosa, esconde e nega, a profana a gente ímpia.
Seus mistérios majestosos, a pura maçonaria.

Maçons alerta, tende firmeza,
vingai direitos da natureza.
Do mundo, o Grande Arquiteto, que o mesmo mundo alumia.
Propício protege, ampara, a pura maçonaria.

Maçons alerta, tende firmeza,
vingai direitos, da natureza.





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