quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

Um presidente negacionista,

mitômano, ignorante e cínico.

Ricardo Kertzman 

Na cerimônia de lançamento do Plano Nacional de Vacinação contra a Covid-19 − plano que não planeja nada, não se compromete com nada, e apenas prevê um monte de ações desconexas com a realidade –, Bolsonaro tentou amenizar Bolsonaro. Falou que “se alguém exagerou, foi no afã de encontrar uma solução”. 

Não, presidente. Não adianta vir agora com esse papinho furado, mais falso que nota de três reais, de que a pandemia sempre o afligiu. Não adianta vir falar em união, um dia após proferir as maiores barbaridades sobre a vacina e o governador de São Paulo. Ninguém, com mais de dois neurônios ativos, acredita em você. 

Alguém deve lhe ter soprado aos ouvidos que sua imagem está derretendo feito gelo no Saara. Pesquisas? São retratos do momento, e não filmes de um período. Você será considerado o pior e mais aloprado presidente da história do Brasil. O mundo já sabe disso. Por aqui, metade da população, também. 

Você sempre negou a Covid-19 e sua gravidade. Você sempre desrespeitou os mortos e a dor dos enlutados. Você sempre fez o que pôde para ajudar a propagar o novo coronavírus, desde aglomerações ao não uso de máscara. Você sempre deseducou a população e sempre estimulou a ignorância e irresponsabilidade. 

Ninguém, em todo o planeta, mentiu como você sobre a doença. Ninguém jamais chegou perto do seu obscurantismo e negacionismo. Nem as pobres emas do Alvorada escaparam da sua estupidez lunática. Não venha, pois, agora, querer apagar o passado ou reescrevê-lo. Suas falas e atitudes estão gravadas para a eternidade. 

Você é o responsável direto por parte dos doentes e das mortes, sim. Você é o responsável direto por tanta gente ter se contaminado e contaminado outros, afinal é para “enfrentar o vírus de peito aberto”. Você é o responsável por alguns dos 40% de brasileiros que dizem não pretender se vacinar. 

Enquanto o Brasil iniciava sua subida ao cemitério, você brincava de autogolpe em Brasília; estimulava gente do quilate de Sara Winter. Apoiava atos em favor do fechamento do STF e do Congresso. Divulgava a falsa cura da doença exibindo uma estúpida caixinha de cloroquina. Você sempre foi – e é – um patético arremedo de presidente. 

Os brasileiros terão vacinas, sim, não por você, mas a despeito de você e deste desgoverno incompetente. A despeito do “general especialista em logística” (que piada!) aboletado no Ministério da Saúde, já que ninguém mais aceitou o papel de títere. Mas as terão muito mais tarde e em menor quantidade.

Em apenas um mísero dia, 70 mil novos casos de Covid e quase mil mortos. Mas, segundo o presidente, “está no finalzinho”. Já desisti de clamar “Deus nos ajude”. Definitivamente, Ele não está nem aí para esse triste pedaço de chão. Até porque, convenhamos, fazemos por merecer Seu desdém. 

(Revista ISTOÉ)

Estimulo a se vacinar é isso aí: 

Bolsonaro sobre vacina de Pfizer: 

“Se você virar um jacaré, é problema seu.”

 A pressa da vacina não se justifica.

 

A frase foi dita no sábado (19.12.2020) pelo presidente Jair Bolosnaro, em transmissão na internet feita por um do seus filhos, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).

Vacilação de Bolsonaro 

O Brasil chegará ao último dia de 2020 como um dos países mais atrasados, entre as grandes nações do planeta, na corrida pela vacina contra coronavírus. Enquanto mais de 40 já começaram a vacinar sua população, o presidente Jair Bolsonaro segue com o discurso errático, a negação da gravidade da pandemia e mau exemplo, promovendo aglomeração. 

(...) 

(Fala de Bolsonaro) 

− Ninguém me pressiona para nada, eu não dou bola para isso. É razão, razoabilidade, é responsabilidade com o povo, você não pode aplicar qualquer coisa no povo. 

A expressão “qualquer coisa” denota descaso com a ciência. Todas as vacinas que estão sendo aplicadas mundo afora passaram pelos devidos testes e receberam aval das agências de vigilância dos países. 

(Rosane Oliveira, Zero Hora, dezembro de 2020) 

P.S. O Brasil já passou de 26 mil mortos no dia que completa um ano do primeiro caso de covid-19 no Brasil: 26 de fevereiro de 2020 a 26 de fevereiro de 2021. A primeira morte: dia 17 de março de 2020*.

* Em julho de 2021, já ultrapassou os 580 mil  mortos. Quantos ainda morrerão até o final do ano?

As malandragens políticas de Bolsonaro 

(...) 

O ex-capitão, chamado de “mau militar” pelo general Ernesto Geisel, publicou uma pequena biografia, em 2017, escrita pelo filho Flávio, quando o “mito” não tinha sequer dois dígitos nas pesquisas de intenção de voto para a presidência. Foi então que compreendi algumas facetas complexas da sua personalidade. 

No livro, dois trechos em especial me chamaram a atenção. Em um deles, é narrada a visita a uma feira agrícola, onde o então candidato a deputado pelo Rio de Janeiro perdeu a sua carteira de identidade de propósito, para ter seu nome anunciado pelos alto-falantes. O segundo trecho descreve a simulação de pane mecânica em frente a uma unidade militar, pretexto usado para ficar ali e pedir votos. As passagens não demonstram qualquer vestígio de arrependimento. Ao contrário. São ostentadas como prova de esperteza, sagacidade e ousadia. 

(Trecho de um texto de Túlio Milman,

em Zero Hora, janeiro de 2021)

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