quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

Quem realmente é pobre?

 

Um dia, um pai de família rica, grande empresário, levou seu filho para viajar até um lugarejo com o firme propósito de mostrar o quanto as pessoas podem ser pobres. 

O objetivo era convencer o filho da necessidade de valorizar os bens materiais que possuía, o status, o prestígio social; o pai queria desde cedo passar esses valores para seu herdeiro.

Eles ficaram um dia e uma noite numa pequena casa de taipa, de um morador da fazenda de seu primo... 

Quando retornavam da viagem, o pai perguntou ao filho:

− E aí, filhão, como foi a viagem para você?

− Muito boa, papai.

− Você viu a diferença entre viver com riqueza e viver na pobreza?

− Sim, pai! Retrucou o filho, pensativamente.

− E o que você aprendeu com tudo o que viu naquele lugar tão paupérrimo?

O menino respondeu:

− É, pai, eu vi que nós temos só um cachorro em casa, e eles têm quatro. Nós temos uma piscina que alcança o meio do jardim, eles têm um riacho que não tem fim. Nós temos uma varanda coberta e iluminada com lâmpadas fluorescentes e eles têm as estrelas e a lua no céu. Nosso quintal vai até o portão de entrada e eles têm uma floresta inteirinha. Nós temos alguns canários em uma gaiola, eles têm todas as aves que a natureza pode oferecer-lhes, soltas! 

O filho suspirou e continuou:

− E além do mais, papai, observei que eles oram antes de qualquer refeição, enquanto que nós, em casa, sentamos à mesa falando de negócios, dólar, eventos sociais, daí comemos, empurramos o prato e pronto! 

No quarto onde fui dormir com o Tonho, passei vergonha, pois não sabia sequer orar, enquanto que ele se ajoelhou e agradeceu a Deus por tudo, inclusive a nossa visita na casa deles. Lá em casa, vamos para o quarto, deitamos, assistimos televisão e dormimos. 

Outra coisa, papai, dormi na rede do Tonho, enquanto que ele dormiu no chão, pois não havia uma rede para cada um de nós. 

Na nossa casa, colocamos a Maristela, nossa empregada, para dormir naquele quarto onde guardamos entulhos, sem nenhum conforto, apesar de termos camas macias e cheirosas sobrando. 

Conforme o garoto falava, seu pai ficava estupefato, sem graça e envergonhado.

O filho na sua sábia ingenuidade e no seu brilhante desabafo, levantou-se, abraçou o pai e ainda acrescentou:

− Obrigado, papai, por me haver mostrado o quanto nós somos pobres! 

***** 

(Autoria desconhecida)

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