segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

Uma opinião abalizada

                                        Sambistas pioneiros 

Sabe qual é a minha opinião? Falo com as minhas observações e pesquisas profundas sobre o assunto. Para se falar em música brasileira, nós temos que iniciar conhecendo a Maria Francisca Gonzaga (a Chiquinha Gonzaga, na foto abaixo). Procure ler tudo a respeito dela, pois ela não só foi a pioneira da música brasileira como, também, dos direitos da mulher e, ainda, pasme, dos direitos dos autores, pois foi ela a fundadora da SBAT.

Na época, quando só polcas, valsas e xotes eram tocados, ela  exímia pianista  batucava no piano uma polca, quando um popular, ao ouvir a música da rua, começou a dançar em movimentos lascivos, que despertou a atenção dos passantes. Como o apelido do dançarino era “Maxixe”, o nome serviu de batismo para o novo ritmo. Também foi a Chiquinha quem compôs a primeira marchinha carnavalesca, o “Abre Alas”, origem de todas as outras que animam nosso carnaval até hoje. Também foi dela, com parceria do flautista Joaquim Antonio da Silva Calado (Foto abaixo), que iniciou um novo ritmo instrumental que deu origem ao chorinho. Ernesto de Nazaré compôs inúmeros tangos (não do tipo portenho) que são, hoje, os choros Odeon, Apanhei-te Cavaquinho, Brejeiro, Ameno Resedá e muitos outros. Pixinguinha veio a seguir. Com a evolução e variação do ritmo, (o Carinhoso mais parece um samba canção) iniciaram a colocar letras e foi virando o que chamamos, hoje, de samba.

O primeiro bloco carnavalesco foi liderado por um barbeiro português chamado Pereira (imagem abaixo) que, batendo em um bumbo, saiu pelo Rio Branco liderando um grupo de patrícios.

A primeira batucada gravada foi executada pelo Henrique Fôreis Domingues (o Almirante, assim chamado por ter sido fuzileiro naval, abaixo na foto), no seu samba “Na Pavuna”. Almirante foi cantor, compositor, ritmista, radialista e o maior historiador da música brasileira. Era cognominado como “A Maior Patente do Rádio”. A evolução desses fatos é que originaram as escolas de samba de hoje.

Na minha primeira infância (anos 30), meu pai me levava para assistir aos desfiles carnavalescos na Rua Larga, hoje Avenida Marechal Floriano (a Presidente Vargas ainda não tinha sido aberta). O ápice do carnaval era o desfile das “sociedades”, “Os Democráticos”. “Pierrots da Caverna”, “Fenianos” e outros. Eram carroções decorados com carrancas (igual às GRES de hoje), feericamente iluminados cheios de mulheres encarapitadas − de maiôs − (não nuas) enviando beijinho para todos. Esses desfiles foram minguando com o surgimento das GRES.

Acho muito estranho a concepção geral de que o samba é africano. Alguém já ouviu algum samba africano? Algum sambista de lá? Será que vieram todos para cá? Até hoje, com toda facilidade de internet e televisão, você pode procurar na África e não encontra NADA que se pareça com nossa música, nem influência alguma. A ÚNICA música africana que fez sucesso aqui foi a PATA PATA (aquela da pulga da cueca, lembra-se?), cantada pela Miriam Makeba (eu tenho esse disco), assim mesmo por que foi musicada por um brasileiro, o Sivuca. Tímidos compositores ou cantores do Cabo Verde ou Angola andam mourejando por aqui com suas cantilenas em nada parecido com nossos ritmos.

Embora pareça incrível, mas os americanos têm muito mais influência no nosso samba e em nossas GRES, porque deles importamos as tarraxas indispensáveis na bateria. Digo mais, o tarol, instrumento básico da batucada, foi trazido das bandas marciais americanas.

Os negros têm muito bom gosto em gostar de samba. São grandes compositores, hábeis instrumentistas, bailarinos, cantores, mas dizer que o samba vem da África é o mesmo que dizer que o futebol também é de lá.

Abração sambístico e aeroterrestres do 

João Carlos de Moraes Aranha. 

(Pqdt 155 do 1949/7) 

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