domingo, 27 de setembro de 2020

Marta Rocha

 (1936-2020)

No ano de cinquenta e quatro,

Quando eu usava galocha,

Era um guri muito arteiro,

Daqueles virados no tocha;

Lia a Revista “O Cruzeiro”,

Para olhar as Cabrochas.

Neste país varonil,

Foi eleita Miss Brasil,

Maria Martha Hacker Rocha!

Depois foi para os “Esteites”

Concorrer a Miss Universo.

Naquela época já havia

Alguns Jurados perversos;

Do tipo aqui do Brasil,

Adeptos à lei de Gerson,

Pois por duas polegadas,

Ela foi desclassificada,

Com resultado adverso!

Marta Rocha não se abalou,

Continuou com a luz acesa.

Era a mulher mais bonita,

O Brasil tinha certeza,

Verdadeira obra-prima,

Da nossa Mãe Natureza.

O mundo a idolatrou,

E até hoje continuou

Referência de beleza!

Um dia a vida termina,

Infelizmente é assim.

Para Deus não interessa,

Se somos bons ou ruins;

Se a pessoa é preta ou branca,

Se é pobre ou tem dim-dim,

Marta Rocha, eterna princesa,

Hoje, pra nossa tristeza,

Sua vida chegou ao fim!

Hoje é um dia de luto,

Aqui no plano terrestre,

Mostrando que o ser humano,

Seja Aprendiz, seja Mestre,

Teu sucesso foi um exemplo,

Pra cidade e pro agreste,

Mas no céu hoje tem festa,

Rezar muito é o que nos resta,

Com estes versinhos do Prestes!

(Antônio Prestes)

Maria Martha Hacker Rocha (Salvador, BA, 19 de setembro de 1936 − Niterói, 4 de julho de 2020) foi uma rainha da beleza que foi eleita a primeira Miss Brasil em 1954.

Aos 18 anos, participou do Miss Bahia, vencendo o concurso. Em 26 de junho de 1954, foi eleita Miss Brasil, no Hotel Quitandinha, em Petrópolis, no Rio de Janeiro.

Em julho de 1954, logo depois de chegar aos Estados Unidos, tornou-se a favorita nas casas de apostas para vencer o Miss Universo. No entanto, Martha ficou em 2º lugar, perdendo para a americana Miriam Stevenson.

De volta ao Brasil, tornou-se referência nacional de beleza e alcançou a fama.

            Duas polegadas: A lenda que é contada como verdade

A história das duas polegadas foi uma invenção do jornalista João Martins, da revista O Cruzeiro, do Rio de Janeiro, para consolar o orgulho brasileiro. Tudo foi combinado com os demais jornalistas brasileiros que estavam em Long Beach. A própria Martha autorizou a versão, conforme consta em sua autobiografia. Segundo Martha, nem ela soube se essa história das duas polegadas foi verdade mesmo. “Nos Estados Unidos, nunca ninguém me tirou as medidas”, disse em sua biografia.

No livro “O império de papel – os bastidores de O Cruzeiro”, o jornalista Accioly Netto, ex-diretor de “O Cruzeiro”, garante que as polegadas não passaram de invenção do fotógrafo de revista, João Martins, inconformado com o resultado. Martins criou a história e contou com a cumplicidade de outros jornalistas presentes em Long Beach, nos Estados Unidos, naquela noite.

Martha confirmou a lenda em “Martha Rocha – uma autobiografia”, lançada em 1999.

O episódio foi imortalizada numa marchinha de Carnaval composta por Pedro Caetano, Alcyr Pires Vermelho e Carlos Renato e gravada pela própria Martha Rocha em 1955. A parte mais conhecida da letra diz: Por duas polegadas a mais, passaram a baiana pra trás/Por duas polegadas e logo nos quadris/Tem dó, tem dó, seu juiz!

Em dezembro de 2015, o colunista Ancelmo Gois reviveu na coluna Retratos da Vida, de O Globo, a história das duas polegadas, relembrando que em 1955 Pedro Caetano, Alcyr Pires Vermelho e Carlos Renato lançaram uma marchinha de Carnaval onde se cantava: “Por duas polegadas a mais, passaram a baiana pra trás/Por duas polegadas, e logo nos quadris/Tem dó, tem dó, seu juiz!”.

                                     Por duas polegadas

        Pedro Caetano-Alcyr Pires Vermelho-Carlos Renato

                                               1955

Por duas polegadas a mais,

passaram a baiana pra trás.

Por duas polegadas,

e logo nos quadris,

tem dó, tem dó, seu juiz! (bis)

 Marta! Marta!

Não ligue mais pra isso não.

Marta! Marta!

Ninguém tem o seu violão!

Morreu em 4 de julho de 2020 após uma insuficiência respiratória seguida de um infarto. Seu sepultamento foi realizado no dia seguinte, 5 de julho, no Cemitério no Santíssimo Sacramento, em Niterói. Segundo um dos seus filhos, ela estava em um estado debilitado há bastante tempo e morreu de forma relativamente tranquila.

P.S. Há, na internet, uma gravação dessa música cantada pela própria Marta Rocha.

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