Personagens típicas da noite carioca
nos anos trinta e quarenta, essas bailarinas serviriam de motivo a algumas
canções como “Garota do Dancing”, de Alberto Ribeiro e Jorge Faraj. Nenhuma,
entretanto, alcançaria o prestígio de “Vida de Bailarina”, lançada por Ângela
Maria em 1954 e revisitada por Elis Regina, dezoito anos depois. Uma
representante ilustre da classe foi Elizeth Cardoso, bailarina do Dancing
Avenida, antes de se tornar cantora profissional. Aliás, tanto Elizeth como
Ângela Maria atuaram no início de carreira como crooners no popular Avenida.
(Texto do livro: “A
Canção no tempo – 85 anos de Músicas Brasileiras”,
de Jairo Severiano e
Zuza Homem de Mello)
Vida de Bailarina
(Chocolate e Américo
Seixas)
Quem descerrar a cortina
Da vida da bailarina
Há de ver cheio de horror,
Que, no fundo do seu peito,
Abriga um sonho desfeito,
Ou a desgraça de um amor.
Os que compram o desejo,
Pagando amor a varejo,
Vão falando sem saber.
Que ela é forçada a enganar,
Não vivendo pra dançar,
Mas dançando pra viver.
Ela é obrigada pelo ofício
A bailar dentro do vício
Como um lírio em lamaçal.
É uma sereia vadia,
Prepara em noites de orgia,
O seu drama passional.
Fingindo sempre que gosta
De ficar a noite exposta,
Sem escolher o seu par.
Vive uma vida de louca,
Com um sorriso na boca
E uma lágrima no olhar.
Como um lírio em lamaçal.
É uma sereia vadia,
Prepara em noites de orgia,
O seu drama passional.
Fingindo sempre que gosta
De ficar a noite exposta,
Sem escolher o seu par.
Vive uma vida de louca,
Com um sorriso na boca
E uma lágrima no olhar.
*Ouça a gravação dessa música, na internet, na voz de Ângela
Maria. A gravação com Elis Regina, ela só canta a primeira parte.
Garota do Dancing
(Alberto Ribeiro e
Jorge Faraj)
Brincando como criança,
Ganhando a vida na dança,
Eu um dia te encontrei.
E tive, ao dançar contigo,
O prêmio de um doce castigo
Sem querer me apaixonei...
A culpa foi certamente
Desse perfume envolvente
Dos teus cabelos fatais.
Escravo desse perfume,
Sangrei na cruz do ciúme
E jurei não te ver mais...
Deixei que na triste lida,
A dançar ganhando a vida,
E fugir para esquecer,
Mas o perfume tirano
Dominou-me soberano
E me fez retroceder...
Deixa o pudor na outra sala,
Escuta a voz que te fala,
A voz do meu coração.
Vem dançar na minha vida
A melodia sentida nesse
Meu samba-canção...
Ganhando a vida na dança,
Eu um dia te encontrei.
E tive, ao dançar contigo,
O prêmio de um doce castigo
Sem querer me apaixonei...
A culpa foi certamente
Desse perfume envolvente
Dos teus cabelos fatais.
Escravo desse perfume,
Sangrei na cruz do ciúme
E jurei não te ver mais...
Deixei que na triste lida,
A dançar ganhando a vida,
E fugir para esquecer,
Mas o perfume tirano
Dominou-me soberano
E me fez retroceder...
Deixa o pudor na outra sala,
Escuta a voz que te fala,
A voz do meu coração.
Vem dançar na minha vida
A melodia sentida nesse
Meu samba-canção...
Figura de mulher por J. Carlos
*Há, na internet, uma gravação de Garota do Dancing, com Nestor
Amaral, de 1939.
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