Teixeirinha por Iara Geyer
O gaúcho Teixeirinha (Vítor Mateus
Teixeira: 1927-1985) já era bem popular no Rio Grande do Sul, cantando em circos e
emissoras de rádio, quando começou a gravar em 1959. Apenas um ano depois,
tornava-se conhecido em todo o Brasil com a toada “Coração de Luto”, em que
narra, em melodia e versos tristíssimos, a morte da mãe, carbonizada num
incêndio, tragédia realmente ocorrida (por incrível que possa parecer) quando o
compositor tinha nove anos. Na verdade, dois tipos de público contribuíram para
o sucesso estrondoso (vendeu cerca de um milhão de discos) de “Coração de
Luto”: aqueles que realmente se comoveram com a canção e os que somente se
divertiam com o seu aspecto insólito a até a apelidaram de “Churrasquinho de
Mãe”.
Do livro “A Canção no
tempo” – Volume 2,
de Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello.
Coração de Luto
O maior golpe do mundo
Que eu tive na minha vida,
Foi quando com nove anos,
Perdi minha mãe querida.
Morreu queimada no fogo,
Morte triste, dolorida,
Que fez a minha mãezinha
Dar o adeus da despedida.
Vinha vindo da escola,
Quando de longe avistei,
O rancho que nós morava
Cheio de gente encontrei.
Antes que alguém me dissesse,
Eu logo imaginei,
Que o caso era de morte,
Da mãezinha que eu amei.
Seguiu num carro de boi,
Aquele preto caixão,
Ao lado eu ia chorando
A triste separação.
Ao chegar no campo santo,
Foi maior a exclamação.
Cobriram com terra fria
Minha mãe do coração.
Dali eu saí chorando,
Por mãos de estranhos levado,
Mas não levou nem dois meses,
No mundo fui atirado.
Com a morte da minha mãe,
Fiquei desorientado,
Com nove anos apenas
Por este mundo jogado.
Passei fome, passei frio,
Por este mundo perdido.
Quando mamãe era viva
Me disse: filho querido:
Pra não roubar, não matar,
Não ferir, não ser ferido.
Descanse em paz, minha mãe,
Eu cumprirei seu pedido.
O que me resta na mente,
Minha mãezinha, é teu vulto.
Recebas uma oração
Desse filho que é teu fruto.
Que dentro do peito traz
O seu sentimento oculto,
Desde nove anos tenho
O meu coração de luto.
Que eu tive na minha vida,
Foi quando com nove anos,
Perdi minha mãe querida.
Morreu queimada no fogo,
Morte triste, dolorida,
Que fez a minha mãezinha
Dar o adeus da despedida.
Vinha vindo da escola,
Quando de longe avistei,
O rancho que nós morava
Cheio de gente encontrei.
Antes que alguém me dissesse,
Eu logo imaginei,
Que o caso era de morte,
Da mãezinha que eu amei.
Seguiu num carro de boi,
Aquele preto caixão,
Ao lado eu ia chorando
A triste separação.
Ao chegar no campo santo,
Foi maior a exclamação.
Cobriram com terra fria
Minha mãe do coração.
Dali eu saí chorando,
Por mãos de estranhos levado,
Mas não levou nem dois meses,
No mundo fui atirado.
Com a morte da minha mãe,
Fiquei desorientado,
Com nove anos apenas
Por este mundo jogado.
Passei fome, passei frio,
Por este mundo perdido.
Quando mamãe era viva
Me disse: filho querido:
Pra não roubar, não matar,
Não ferir, não ser ferido.
Descanse em paz, minha mãe,
Eu cumprirei seu pedido.
O que me resta na mente,
Minha mãezinha, é teu vulto.
Recebas uma oração
Desse filho que é teu fruto.
Que dentro do peito traz
O seu sentimento oculto,
Desde nove anos tenho
O meu coração de luto.
Túmulo e estátua de Teixeirinha
no Cemitério da Santa Casa de Misericórdia, em Porto Alegre.
no Cemitério da Santa Casa de Misericórdia, em Porto Alegre.
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