sábado, 17 de maio de 2014

Histórias engraçadas de Frei Serapião



A mulata Isaura foi batizar a filhinha de um ano e frei Alberto começou o interrogatório:
− Nome?
− Ambrosina.
− Nome da mãe?
− A Isaura que vos fala.
− Pai?
− ...
− Ou diz o nome do pai, ou não batizo a criança.
− Seu frei, já que o senhor insiste, lá vai: Frei Serapião.
− Ó xente, e frei Serapião tirou a batina?
− Não, segurou com os dentes.

*****

O Zeferino vinha na pequena carroça puxada por um burro e não viu o caminhão que vinha na contramão. O choque foi inevitável. O burro, coitado, ficou destroçado no meio da rua. Os moleques, só de sacanagem, jogaram o bilau do burro, que era bom tamanho, para dentro do convento de freiras da pequena cidade do interior da Paraíba.
No outro dia, quando a primeira freira foi regar o jardim, ficou alucinada e saiu gritando pelo convento:
− Acuda, gente, mataram frei Serapião!

*****

A freirinha vida caminhando sozinha por uma estrada do interior paraibano. Um carrão, dirigido por linda loura, para e oferece carona à freira.
A religiosa fica visivelmente impressionada com o luxo interno do automóvel, resolve puxar conversa;
 Que lindo carro a senhorita tem!
 Ganhei de presente de um jogador de futebol que transei durante um tempo...
 Também vejo que as suas joias são lindas.
 Presente de um pagodeiro com o qual tive um caso amoroso.
Chegando ao convento, a freire se despede da loura e vai para sua cela individual de religiosa.
Tarde da noite, ela ouve batidas leves na porta do seu quarto. Entreabre a porta e sussurra furiosa:
 Frei Serapião, vá à merda com as suas balinhas de menta!

*****

O sacristão avisa que tem uma mulher querendo falar com frei Serapião. Ele vai atender e dá de cara com uma mulatona muito gostosa, corpo escultural e minissaia.
− Me falaram que o senhor está procurando empregada.
− Sim, minha filha... Fala-me de suas qualidades!
− Sei fazer moqueca de peixe, sei fazer cuscuz doce e salgado, quindim...
− Que mais?
− Sei fazer cocada, pudim de leite condensado, leitão assado...
− Só?
− Tem um problema... Eu sou estéril, frei Serapião...
− Mulher de Deus... por que não disse isso logo? Vá entrando, minha filha...

*****

Numa vila do interior, Frei Serapião e outro vigário costumavam cruzar-se de bicicleta na estrada todos os domingos, quando iam rezar a missa nas suas respectivas paróquias.
Certo dia,  Frei Serapião estava apeando. Surpreso, o outro padre parou e perguntou:
− Onde está a sua bicicleta, Serapião?
− Foi roubada! Creio que no pátio da igreja.
− Mas que absurdo! – Exclamou, ainda, o ciclista. Eu tenho uma ideia para saber quem foi: na hora do sermão, cite os 10 mandamentos. Quando chegar ao «Não roubarás» faça uma pausa e percorra os fiéis com o olhar. O culpado com certeza que vai se denunciar!
No domingo seguinte, os padres cruzam-se de bicicleta. O padre que deu a ideia diz:
− Parece que o sermão deu certo, não é, Frei Serapião?
− Mais ou menos − responde ele − na verdade, quando cheguei ao «Não desejarás a mulher do próximo» acabei por me lembrar onde é que tinha deixado a bicicleta!

*****

Morena linda de corpo escultural vai se confessar com Frei Serapião:
− Frei Serapião, não resisti aos apelos da carne e transei com o padre João da paróquia da Igreja da São João, de Monte Belo.
Retruca Frei Serapião:
− Tudo bem, minha filha, vá rezar um pouco, e não se esqueça que a sua paróquia e esta!

*****

Frei Serapião, no confessionário, sem ver com quem estava falando:
- Padre, perdoa-me, porque pequei... (voz feminina).
- Diga-me, filha, quais são os seus pecados?
- Padre, o demônio da tentação se apoderou de mim, pobre pecadora.
- Como assim, filha?
- É que quando falo com um homem, tenho sensações no corpo que não saberia descrever...
- Filha, apesar de padre, eu também sou um homem...
- Sim, padre, por isso vim confessar-me com o senhor.
- Bem, filha, como são essas sensações?
- Não sei bem como explicá-las, neste momento meu corpo se recusa a ficar de joelhos e necessito ficar mais à vontade.
- Sério?
- Sim, desejo relaxar... o melhor seria deitar-me...
- Filha, deitada como?
- De costas para o piso, até que passe a tensão...
- E o que mais?
- É como um sofrimento que não encontro palavras.
- Continue, minha filha...
- Talvez um pouco de calor me alivie...
- Calor?
- Calor, padre, calor humano, que leve alívio ao meu padecer...
- E com que frequência é essa tentação?
- Permanente, padre. Por exemplo, neste momento imagino que suas mãos massageando a minha pele me dariam muito alívio...
- Filha?!
- Sim, padre, me perdoa, mas sinto necessidade de que alguém forte me aperte em seus braços e me dê o alívio de que necessito...
- Por exemplo, eu?
- Sim, padre, você é a categoria de homem que imagino poder me aliviar.
- Perdoa-me, minha filha, mas preciso saber a sua idade...
- Setenta e quatro, padre.
- Filha, vai em paz que o seu problema é reumatismo.

*****

‒ Frei Serapião, o senhor soube que o Mário, meu cunhado, morreu?
‒ Que triste, filho, o que foi que aconteceu com ele?
‒ Ele ia para a minha casa e estava vindo a toda velocidade. O Mário sempre foi de correr muito. Quando ele ia chegando, tentou parar, os freios falharam e o carro chocou-se do jeito que vinha na mureta lá em frente da minha casa. Ele foi lançado pelo teto solar, voou uns 10 metros e acabou-se arrebentando contra a janela do meu quarto, no segundo andar.
‒ Ave Santíssima, que modo horrível de morrer!
‒ Não, não, padre! Ele sobreviveu a isso. Ele acabou no chão do meu quarto, todo arrebentado, sangrando e coberto de vidro. Foi, então, que ele tentou se levantar e pegou na maçaneta do meu guarda-roupa. É um guarda-roupa antigo, todo em jacarandá, pesadíssimo. Quando ele estava se erguendo, o guarda-roupa, que estava com um pé defeituoso, desabou em cima dele amassando tudo quanto foi osso do corpo dele.
‒ Pobre Mário! Que morte terrível!
‒ Não, padre, isso machucou muito, mas matou ele não. Com muito esforço, ele conseguiu sair debaixo do guarda-roupa e engatinhou até a sacada que fica no topo da escada do hall. Ali ele tentou se levantar, apoiado no corrimão, mas o peso dele quebrou o corrimão e ele desabou até o chão do hall lá embaixo. Dois paus do corrimão quebrado ainda caíram sobre ele e o transfixaram.
‒ Mas que horror se morrer assim!
‒ Mas não foi isso que o matou. Ele conseguiu arrancar os paus do corpo, engatinhou até a cozinha e tentou se levantar apoiado no fogão. Sem querer, pegou na alça de uma panela, que estava fervendo água, derramando a água por cima dele, queimando toda a pele.
‒ Que morte sofrida, Mãe do Céu!
‒ Não, não, padre, ele conseguiu sobreviver a tudo isso. Mas lá estava ele caído no chão, numa poça de água fervendo, quando viu o telefone na parede. Deve ter pensado em pedir ajuda. Apoiou-se na parede, tentando alcançá-lo. Mas em vez do telefone, ele meteu a mão na caixa de fusíveis e zap! 10.000 volts passaram por ele.
‒ Ave Maria! Que fim terrível! Santo Deus!
‒ Não, padre, isso ainda não matou ele. Ele...
‒ Espere aí, filho! Afinal, como foi que ele morreu?
‒ Padre, eu atirei nele!
‒ Você ficou maluco, filho? Por que você atirou no pobre coitado?
‒ Porra, padre Serapião, o cara estava destruindo a minha casa!

*****

Frei Serapião confessando o sacristão:
− Contou tudo direitinho, meu filho?
− Tudo, Frei.
− Tem certeza?
− Tenho, sim, Frei.
− Acho que não contou não! Me diz aí: quem é que anda bebendo o vinho da sacristia?
− Quer repetir Frei?
− Quem anda bebendo o vinho da sacristia?
− Repete, Frei, por favor. Não estou ouvindo nada.
Frei Serapião repetiu um montão de vezes, e o sacristão nada. Até que o sacristão falou:
− Sabe o que é, Frei Serapião, de repente, aqui de fora não tá dando pra escutar nada. Passa pro lado de cá pro senhor ver.
O Frei saiu do confessionário e trocou de lugar com o sacristão.
Aí, o sacristão pergunta lá de dentro:
− Frei Serapião, quem é que anda pulando a janela da casa da mulher do padeiro?
E Frei Serapião:
− Você tem razão, meu filho. Daqui de fora não se ouve nada mesmo!

*****

A garota vai se confessar com Frei Serapião, ajoelha-se e vai falando ao padre:
− Frei Serapião, preciso de perdão pelos meus pecados.
− Conte seus pecados, minha filha.
− Eu sou noiva há três anos e vou casar na semana que vem. Ontem, à tarde, encontrei um colega de trabalho, ficamos conversando, ele me convidou para conhecer o apartamento dele, aí eu fui. E terminamos na cama. Sabe, frei é que eu sou tão volátil...
− Volúvel, minha filha.
− Antes de ontem, eu encontrei outro amigo que não via há muitos meses, conversamos, fomos jantar, aí ele me levou pra conhecer um motel novo que inauguraram. Eu fui e terminamos na cama, padre. É que eu sou tão volátil, padre.
− Volúvel, minha filha, volúvel.
− No dia anterior, eu vi um amigo no shopping, fui falar com ele, conversa vai conversa vem ele me levou pro apartamento dele e terminamos na cama. É que eu sou tão... como é mesmo a palavra, padre?
− Puta, minha filha, puta! 

*****

Duas mulheres bem gostosas, verdadeiros aviões, resolvem sacanear Frei Serapião. Aproximam-se dele e perguntam:
− Oi, padreco simpático, tudo bem? O que você faria com duas mulheres tão gostosas quanto nós?
E Frei serapião:
− Com vocês duas eu não faria nada! Mas com mais umas quatro ou cinco, abriria um puteiro...

*****

Após um longo tempo longe de sua paróquia, Frei Serapião retorna e fala aos fiéis, reconhecendo entre eles vários jovens que foram batizados por ele:
E, dirigindo-se a alguns, começa a falar:
− João, beije a minha mão.
E João atende ao pedido do Frei.
Depois ele fala:
− José, beije o meu pé.
E José vai lá e dá um beijo no pé de Frei Serapião.
O Frei continua, agora falando com uma paroquiana:
− Ernesta, beije a minha testa.
E a jovem Ernesta atende ao pedido de Frei Serapião.
De repente, ele vê uma pessoa saindo rápido da igreja e pergunta:
− Por que foges, Nicolau?

*****

Frei Serapião, quando começava sua carreira de sacerdote de um vilarejo no interior, tinha um peru como mascote, o Valente. Certo dia, o peru Valente desapareceu, e ele achou que alguém o havia roubado. No dia seguinte, na missa, o Frei Serapião perguntou à congregação:
- Algum de vocês aqui tem um peru?
Todos os homens se levantaram.
- Não, não, disse o Frei, não foi isso que eu quis dizer. O que eu quero saber é se algum de vocês viu um peru?
Todas as mulheres se levantaram.
- Não, não, repetiu o Frei Serapião... o que eu quero dizer é se algum de vocês viu um peru que não lhes pertence.
Metade das mulheres se levantou.
- Não, não, disse Frei Serapião novamente muito atrapalhado. Talvez eu possa formular melhor a pergunta: o que eu quero saber é se algum de vocês viu o “meu” peru?
Todas as freiras se levantaram.

*****

A beata e piedosa Ondina ia pela rua quando cruzou com Frei Serapião.
O padre disse-lhe:
- Bom dia, por acaso você não é a Ondina, a quem casei já há dois anos na minha antiga diocese?
Ela respondeu:
- Sim, Frei, sou eu mesma.
Frei Serapião perguntou:
- Mas não me lembro de ter batizado um filho seu. Não teve nenhum?
Ela respondeu:
- Não, Frei, ainda não.
O padre disse:
- Bem, na próxima semana viajo para Roma. Por isso se você quiser, acendo lá uma vela por você e seu marido, para que recebam a benção de poder ter filhos.
Ela respondeu:
- Oh! Frei, muito obrigada, ficamos ambos muito gratos.
Alguns anos mais tarde, encontraram-se novamente. O sacerdote, ancião, perguntou:
- Bom dia, Ondina, como está agora? Já teve filhos?
Ela respondeu:
- Oh! Sim, Frei Serapião, três pares de gêmeos e mais quatro. No total dez!
Disse o padre:
- Bendito seja o Senhor! Que maravilha! E onde está o seu marido?
- Está a caminho de Roma, para ver se apaga a porra daquela vela!

*****

O caipira estava sentado sobre o mourão da porteira quando Frei Serapião, cansado e cheio de suor na testa, chegou perguntando:
- Escute, meu filho, onde é a vila? Qual é a estrada que se toma para ir lá?
- O senhor vai direto, e na encruzilhada toma a esquerda. Sobe o morro e logo chega na vila.
- Obrigado, disse o padre. Olhe... Você vai ao catecismo aos domingos?
- Não, senhor.
- Então apareça por lá. Quero lhe ensinar o caminho do céu.
- Ih! Frei. Mas nem o caminho da vila o senhor sabe.




Um comentário:

  1. Sou de SP capital e por 40 anos ouço meu tio materno e padrinho falar de Frei Serapião. Hoje fico surpreso em saber que ele existiu de fato e deixou histórias... Vlw Tio Álvaro !!!

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