Paulo Menotti Del Picchia (São
Paulo, 20 de março de 1892 – São Paulo, 23 de agosto de 1988) foi um poeta, jornalista,
tabelião, advogado, político, romancista, cronista, pintor e ensaísta brasileiro.
Amor?
Receios,
desejos,
promessas de paraísos,
depois sonhos, depois risos,
depois beijos!
promessas de paraísos,
depois sonhos, depois risos,
depois beijos!
Depois...
E
depois amada?
Depois
dores sem remédio,
depois pranto, depois tédio,
depois... nada!
depois pranto, depois tédio,
depois... nada!
Menotti del Picchia
(Do livro “Juca
Mulato”, da série de poemas de Lamentações)
Tudo
ama!
as
estrelas no azul, os insetos na lama,
a
luz, a treva, o céu, a terra, tudo,
num
tumultuoso amor, num amor quieto e mudo,
tudo
ama! tudo ama!
Há
amor na alucinada
fascinação
do abismo,
amor
paradoxal, humano e forte,
que
se traduz nas febres do sadismo,
nessa
atração perpétua para o Nada,
nessa
corrida doida para a Morte.
(Excerto do poema
Fascinação, do livro “Juca Mulato”,
de Menotti Del
Picchia)
Beleza
A
beleza das coisas te devasta
como
o sol que fascina mas te cega.
Delas
contundo a luminosa entrega
nunca
se dá, melhor, nunca te basta.
E
a imensa paz que para além te arrasta
quanto
mais se te esquiva ou te renega...
Paz
tão do alto e paz dessa macega
que
nos campos esplende à luz mais casta.
A
beleza te fere e todavia
afaga,
uma emoção (sempre a primeira e nunca
repetida)
que conduz
o
teu deslumbramento para um dia
à
noite misturado, na clareira
em
que te sentes noite em plena luz.
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