segunda-feira, 19 de maio de 2014

Oração de um paraquedista brasileiro


Em homenagem a dois paraquedistas que sempre fizeram,
dentro das aeronaves, que nós não sentíssemos medo:


Cap José Álvaro Diniz Nogueira, Pqdt 108
e Cap Ly Adorno de Carvalho, Pqdt 503.


Sgt Nogueira, Pqdt 108 e Prec 15


Sgt Ly Adorno, Pqdt 503 e Prec 16

*Precursor (Prec) é aquele que precede, o que salta numa Zona de Lançamento (ZL) para demarcar o início do lançamento de uma equipe de paraquedistas. Usa um gorro vemelho com a tocha alada.


Por Nilo da Silva Moraes, Pqdt 11779



Senhor, vou saltar mais uma vez
E mais uma vez vou sentir medo.
Medo natural de todo ser humano,
Mas sei que Tu estarás comigo,
Amparando-me e não deixando
Que eu transpareça senti-lo.

Senhor, vou saltar mais uma vez...
E mais uma vez vou pedir que me ampares
Em teus braços se o meu paraquedas não abrir.
Sou um homem de fé e pela minha fé vivo
E pela minha fé sei que, um dia, vou morrer.

Senhor, vou saltar mais uma vez...
Em um salto real de combate fratricida.
Não peço que as balas do inimigo não me acertem,
Pois vou também tentar acertar o inimigo,
Mas, se for acertado, que a minha morte seja rápida,
E que o meu paraquedas seja a minha última mortalha.

Senhor, vou saltar pela última vez de uma aeronave...
Em um salto de despedida da minha amada Brigada.
E que o meu salto seja o mais suave e demorado,
E que o paraquedas desça o mais lento possível,
Para que se eternize, na minha memória, esse momento,
Como o momento mais feliz de toda a minha vida!


Eu, Nilo da Silva Moraes, Pqdt 11.779, saltando com a metralhadora Browning.30, na ZL de Gericinó-RJ, e, por incrível que pareça, aterrei com o pacote P2B, pois um dos tirantes laterais não cedeu e o pacote com a metralhadora não caiu antes da minha aterragem. Um tenente, na década de 60, aterrou com o pacote sofrendo luxações no calcanhar e nas mãos, além de escoriações pelo corpo. Tive mais sorte, sai ileso dessa aterragem.

Em tempo: na porta de um avião, esse pacote com a metralhadora .30, é como se você saltasse com uma âncora que o puxava para baixo. nada podia dar errado. Usar, numa emergência, um paraquedas reserva mais o peso da metralhadora que está preso no seu corpo, não sei como seria a aterragem... Tudo tinha que dar certo e comigo, felizmente, deu!

*Fotos colorizadas pelo Pqdt, 11.361, José Alfredo Stron Nunes.



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