Nietzsche
01. O que mais importa é a vida: o estilo deve ter vida.
02. O estilo deve ser apropriado
a tua pessoa, em função de uma pessoa determinada a quem tu queres comunicar
teu pensamento.
03. Antes de segurar a caneta, é
preciso saber exatamente como se expressaria de viva voz o que se tem que
dizer. Escrever deve ser apenas uma imitação.
04. O escritor está longe de
possuir todos os meios do orador. Deve, pois, inspirar-se em uma forma de
discurso muito expressiva. O resultado escrito, de qualquer modo, aparecerá
mais apagado que seu modelo.
06. Cuidado com o período. Só tem
direito a ele aqueles que têm a respiração muito longa quando falam. Para a
maioria, o período é apenas uma afetação.
07. O estilo deve mostrar que tu
acreditas em teus pensamentos. Deve mostrar não só que pensas neles, mas que os
sentes.
08 convergir até. Quanto mais
abstrata é a verdade que se quer ensinar, mais importante é fazer ela todos os
sentidos do leitor.
09. O tato do bom prosador na
escolha de seus meios consiste em aproximar-se da poesia até roçá-la, mas sem
ultrapassar jamais o limite que a separa.
10. Não é sensato nem hábil privar o leitor de suas refutações mais fáceis; pelo contrário, é muito sensato e hábil deixar que ele formule a última palavra da nossa sabedoria.
01. Uma coisa é uma história longa e outra é uma história
alongada.
02. O final de uma história deve ser escrito quando você ainda estiver na
metade.
03. O autor lembra mais facilmente como uma história termina do que como ela
começa.
04. É mais fácil atrair a atenção de um coelho que a de um
leitor.
05. É necessário começar com a
intenção de que se escreverá a melhor coisa (jamais escrita) porque logo essa
vontade diminui.
06. Se você se aborrece escrevendo, o leitor se aborrece
lendo.
07. Não force o leitor a ler uma frase novamente para compreender seu sentido.
Hemingway
01. Escreva frases breves. Comece
sempre com uma oração curta. Utilize o seu idioma de maneira vigorosa. Seja
positivo, não negativo.
03. Evite o uso de adjetivos,
especialmente os extravagantes como “esplendido, grande, magnífico, suntuoso”.
04. Ninguém que tenha um pouco de
inteligência, que sinta e escreva com sinceridade sobre as coisas que deseja
dizer, pode escrever mal se atentar para estas regras.
05. Para escrever, imagino a
antiga solidão do quarto de hotel onde comecei a escrever. Diga a todo mundo
que vives em um hotel e hospeda-te em outro. Quando te localizarem, mude para o campo. Quando
te localizarem no campo, muda-te para outro lugar. Trabalhe o dia todo até que
esteja tão esgotado que o único exercício que possa fazer será ler os jornais.
Então coma alguma coisa, jogue tênis,
nade ou realize alguma tarefa que te entonteça só para manter o intestino em
movimento e, no dia seguinte, volte a escrever.
06. Os escritores deveriam
trabalhar sozinhos. Deveriam se ver só quando as suas obras estivessem concluídas
e, ainda assim, não com demasiada frequência. Caso contrário, se tornam como os
escritores de Nova Iorque. Como minhocas de terra dentro de uma garrafa,
tentando alimentar-se a partir do contato entre eles e a garrafa. Às vezes, a
garrafa tem a forma artística, às vezes econômica e às vezes
econômica-religiosa. Mas uma vez que estão na garrafa, permancem ali. Sentem-se
solitários fora da garrafa. Não querem sentir-se solitários. Têm medo de estar
só com as suas crenças...
07. Às vezes, quando tenho
dificuldade para escrever, leio meus próprios livros para levantar o ânimo e
depois me lembro que sempre foi difícil e às vezes quase impossível
escrevê-los.
08. Um escritor, se tem alguma
utilidade, não descreve. Inventa ou constrói a partir do conhecimento pessoal
ou impessoal.
Juan Carlos Onetti
01. Não busquem ser originais. Ser diferente é inevitável
quando alguém se preocupa em sê-lo.
02. Não tentem deslumbrar o
burguês. Não dá resultado. Ele só fica assustado quando lhe ameaçam o bolso.
03. Não tratem de complicar o leitor, nem buscar nem
reclamar sua ajuda.
04. Não escrevam jamais pensando
na crítica, nos amigos ou parentes, na doce noiva ou esposa. em sequer no
leitor hipotético.
05. Não sacrifiquem a sinceridade
literária por nada. Nem a política, nem o triunfo. Escrevam sempre para esse
outro, silencioso e implacável, que levamos conosco e não é possível enganar.
06. Não sigam modas, abjurem o mestre antes do terceiro
canto do galo.
07. Não se limitem a ler os
livros já consagrados. Proust e Joyce foram depreciados quando mostraram o
nariz. Hoje são gênios.
08. Não esqueçam a frase, justamente famosa: 2 mais 2 são 4;
mas e se forem 5?
09. Não desdenhem temas com
narração estranha, seja qual for sua origem. Roubem se for necessário.
10. Mintam sempre.
11. Não esqueçam que Hemingway
escreveu: “Inclusive de leituras de bobagens já prontas de meus romances, que
vem a ser o nível mais baixo em que um escritor pode cair.”
01. Não beberás, não fumarás, nem te drogarás.
02. Não terás costumes caros.
03. Sonharás e escreverás, e sonharás e voltarás a escrever.
04. Não serás vaidoso.
05. Não serás modesto.
06. Pensarás sem cessar nos que são verdadeiramente grandes.
07. Não deixarás um só dia sem reler algo importante.
08. Não adorarás Londres/Paris/Nova Iorque.
09. Escreverás para satisfazer a ti mesmo.
10. Será difícil de satisfazer-te
*StephenVizinczey,
escritor e poeta húngaro, autor de autor de O
milionário inocente e Verdades e mentiras na literatura, dentre outros.
Antonio Carlos Secchin
01. Amarás a literatura acima de todas as coisas.
02. Não invocarás os centenários
de Machado de Assis e Guimarães Rosa em vão: trata de fazer algo inteiramente
diverso.
03. Guardarás os fins de semana
para escrever tudo aquilo que teu emprego não permite que escrevas nos outros
dias.
04. Duvidarás de pai, mãe, avós, enfim: de toda a linhagem
de teus ascendentes literários.
05. Não matarás o idioma supondo reinventá-lo em cada nova
obra.
06. Não pecarás contra a
causticidade da língua, abrigando em teus textos a ironia, o humor, a
irreverência.
07. Não furtarás obras alheias: com elas estabelecerás
“diálogos intertextuais”.
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