Por Maria Felicíssima
de Carvalho
Acenda o forno.
Ponha à mão os utensílio e
ingredientes.
Retire da mesa os lápis de cor, os
automoveizinhos de brinquedo, soldadinhos etc.
Unte a forma.
Vá quebrando as nozes.
Meça duas xícaras de farinha.
Tire as mãos do Joãozinho da
farinha.
Lave as mãos dele.
Passe uma descompostura no
Joãozinho e torne a medir a farinha.
Acalme o choro do Joãozinho.
Ponha a farinha, o fermento e o
mel na peneira.
Pegue a pá de lixo e junte os
pedaços da tigela que o Joãozinho acaba de derrubar.
Apanhe outra tigela.
Não se lamente e não resmungue.
Atenda o guri do armazém.
Volte para a cozinha.
Tire as mãos do Joãozinho da
tigela.
Lave o Joãozinho.
Atenda ao telefone.
Volte.
Retire o excesso de sal que o
Joãozinho plantou na forma untada.
Procure o Joãozinho.
Unte outra vez a forma.
Atenda o berreiro da Martinha
.
.
Volte à cozinha e tire as mãos do
Joãozinho da tigela.
Pegue a forma untada e tire as
cascas de nozes lá de dentro.
Limpe o chão onde se esparramou o
ovo que o Joãozinho fez rolar da mesa.
Melhor: faça uma limpeza geral na
cozinha, na mesa, nas paredes.
Agarre a Martinha no colo e segure
o Joãozinho com a mão direita.
Se sobrar mão, telefone para a
confeitaria e peça um bolo.
Descanse...
(No Almanaque do
Correio do Povo de 1969)
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