Apelido pelo qual eram popularmente
conhecidos os vigilantes da polícia municipal, denominada Polícia
Administrativa e regulamentada pelo Ato n° 20, de 10/10/1896, do
Intendente Municipal Dr. João Luiz Faria Santos. A organização existiu até
1929, quando a celebração de um convênio entre o governo e o município
transferiu para a Guarda Civil estadual as tarefas do policiamento ostensivo e
preventivo da cidade. Pelo regulamento de 1896, vê-se que “o uniforme de verão
consistirá em calças e blusa de brim branco”, e isso explica a origem da
alcunha, que persistiu até 1929, embora o fardamento da corporação haja mudado
várias vezes. No regulamento de 1914, vê-se que o uniforme de inverno, para os
agentes superiores, era colorido, com calças de pano verde garrafa; “o uniforme
de verão será constituído de túnica, calças brancas ou pardas, quépi pardo com
ou sem capa de brim de linho”. A túnica era de brim pardo escuro. Salvo os
agentes do 1°
Posto, que usavam sabre, os dos demais distritos portavam espada.
Através de matéria da Gazeta da Tarde de 1898, pode-se ver que
o apelido praticamente nasceu com a corporação. Em crônica de 19 de janeiro
daquele ano, é feita a descrição de um conflito na Rua Andrade Neves, com esta
passagem: “Então vi uns soldadinhos que são os que prendem os barulhentos,
trepados num muro, e ouvi uma mulher chamá-los de ratos brancos”.
Mais adiante, dizia o cronista que
era “coisa de negros” a invenção daquele apelido desrespeitoso. Ainda no mesmo
veículo de imprensa, em editorial de 9/4/1898, o jornalista lamentava:
“Infelizmente, é isso o que se está vendo: a cada passo, um guarda da polícia
administrativa ouve um epíteto deprimente. Foi-lhe dado recentemente novo
fardamento e já criaram uma alcunha para expô-la à irrisão pública”.
Os “ratos brancos” são mencionados
por todos os cronistas do princípio deste século (XX) e evocados no samba “Alto
da Bronze”, de autoria de Paulo Coelho e Plauto de Azambuja Soares.
(Do livro “Porto
Alegre – Guia Histórico”,
de Sérgio da Costa Franco* - Editora da UFRGS)
de Sérgio da Costa Franco* - Editora da UFRGS)
Alto da Bronze
Alto da Bronze,
cabeça quebrada,
praça querida.
Sempre lembrada,
cabeça quebrada,
praça querida.
Sempre lembrada,
a praça onze da molecada.
Praça sem banco,
Praça sem banco,
do Rato Branco
e do futebol,
da garotada endiabrada
e do futebol,
da garotada endiabrada
das manhãs de sol.
Guardo a eterna lembrança
do tempo feliz em que eu era criança,
do tempo em que a vida era
da minha infância a grande quimera.
Hoje eu pobre profano
me lembro de ti e dos meus desenganos.
Oh! meu Alto da Bronze dos meus oito anos.
Guardo a eterna lembrança
do tempo feliz em que eu era criança,
do tempo em que a vida era
da minha infância a grande quimera.
Hoje eu pobre profano
me lembro de ti e dos meus desenganos.
Oh! meu Alto da Bronze dos meus oito anos.
* Sérgio da Costa Franco
(Jaguarão, 12 de junho de 1926) é um historiador, advogado e jornalista
brasileiro.
Bacharel em direito pela
Universidade Federal do Rio Grande do Sul em 1954, também graduado em História
e Geografia, fez carreira no Ministério Público e aposentou-se como Procurador
de Justiça. Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul,
foi seu presidente de 1996 a
1998.
Jornalista desde 1949, publica em
diversos jornais. Autor de diversos livros, alguns reunindo crônicas, mas a
maior parte dedicados à pesquisa histórica, principalmente à memória de Porto
Alegre.
Sérgio da Costa Franco (Jaguarão, 12 de junho de 1928 – Porto Alegre, 13 de outubro de 2022) foi um historiador, advogado e jornalista brasileiro.
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