Com a mão esquerda alicia,
com a direita degola,
com a esquerda acaricia,
com a direita esfola.
Com a esquerda, noite e dia,
promete pão e escola.
Com a outra, a faca fria
corta a cabeça que rola.
Com a esquerda é eleito,
enrica, todo frajola.
Põe a medalha no peito,
para o povo, nem escola.
Com a mão direita conquista
e para a fama decola.
Ganha capa de revista,
precisando, até rebola.
Leva vida de artista,
televisão toda hora.
No Congresso é um turista,
nem chegou, já vai embora.
Pra votar é governista,
apertou, ele decola.
Pra Fernando de Noronha,
Paris, Espanha ou Angola.
Vai de graça, sem vergonha,
sempre levando uma bola.
Com a mão esquerda acena
em direção do futuro.
E faz se jogo de cena
equilibrando no muro.
Diz ao pobre que tem pena
de quem na vida dá duro.
(O pobre ele depena
e esfaqueia no escuro.)
Com a mão direita, homicida
peão, lavrador, tropeiro.
Faz do país um suicida
neste imenso cativeiro.
De perversão, genocida
o Brasil e o brasileiro.
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