(Mário de Andrade:
1893 – 1945)
Poema que conta a história de
recém-casados jovens que, voltando da festa de casamento, cada um em seu
cavalo, foram vítimas de uma cruel fatalidade…
Ilustração da revista Veja-Rio
A serra do Rola-Moça
não tinha esse nome não...
Eles eram do outro lado,
vieram na vila casar.
E atravessaram a serra,
o noivo com a noiva dele
cada qual no seu cavalo.
Antes que chegasse a noite
se lembraram de voltar.
Disseram adeus pra todos
e se puseram de novo
pelos atalhos da serra
cada qual no seu cavalo.
Os dois estavam felizes,
na altura tudo era paz.
Pelos caminhos estreitos
ele na frente, ela atrás.
E riam. Como eles riam!
Riam até sem razão.
A serra do Rola-Moça
não tinha esse nome não.
As tribos rubras da tarde
rapidamente fugiam
e apressadas se escondiam
lá embaixo nos socavões
temendo a noite que vinha.
Porém os
dois continuavam
cada qual
no seu cavalo,
e riam.
Como eles riam!
E os risos
também casavam
com as
risadas dos cascalhos
que pulando
levianinhos
da vereda
se soltavam
buscando o
despenhadeiro.
Ah, Fortuna
inviolável!
O casco
pisara em falso.
Dão noiva e
cavalo um salto
precipitados
no abismo.
Nem o baque
se escutou.
Faz um silêncio
de morte.
Na altura
tudo era paz...
Chicoteando
o seu cavalo,
No vão do
despenhadeiro
o noivo se
despenhou.
E a serra
do Rola-Moça,
Rola-Moça
se chamou.
O Parque Estadual da Serra do
Rola-Moça teve seu nome contado em 'causo' e imortalizado por Mário de Andrade
em um poema que relata a história de um casal, que, logo após a cerimônia de
casamento, cruzou a Serra de volta para casa, quando, então, o cavalo da moça
escorregou no cascalho e caiu no fundo do grotão. O marido, desesperado,
esporou seu cavalo ribanceira abaixo e 'a Serra do Rola-Moça, Rola-Moça se chamou'.
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