Quando
viajava de trem, sentei-me por trás de um homem que ia acompanhado de seu filho
ainda jovem. O garoto parecia embevecido com o panorama e descrevia para pai
tudo que lhe despertava interesse. Falou de umas crianças que brincavam no
pátio de uma escola, mencionou as rochas por onde se precipitava um pequeno
córrego e se referiu aos reflexos da luz solar na água. Quando nosso trem parou
para dar passagem a outro de mercadorias, o garoto tentou adivinhar o que cada
um dos vagões transportaria. Mostrou-se também encantado com a superfície
ondulada de um lago e falou dos inúmeros barquinhos que havia numa doca. No
final da viagem, debrucei-me sobre o banco e disse ao pai:
−
Que maravilhoso que é desfrutar o mundo através dos olhos de uma criança!
O
homem sorriu e comentou:
−
É verdade! Especialmente quando não se tem possibilidade de vê-lo.
O
homem era cego.
*****
(Seleções do Reader’s Digest – abril de 1976)
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