quinta-feira, 17 de maio de 2018

Alegrai-vos e Exultai

Sobre a exortação “Gaudete et Exsultate”

(“Alegrai-vos e Exultai”)


Papa Francisco por Baptistão

A santidade está em permanecer bem-aventurado (Mateus, 5)
e a salvação, na prática de atos, conforme Mateus 25,31

Quantas vezes, para me consolar ou mesmo me acalmar devido a alguma provocação ou inconformidade, informava aos amigos que voltaria a ler Tiago; reconhecer que fé sem obras, pouco ou nada nos aproveita. “Acaso a fé poderá salvar”, como se a promessa de fornecer vestes nos dá o abrigo? A fé, para Tiago, se consolida pelas obras. E Dario, amigo meu, me sugeria, quase sempre, que me aprofundasse em Mateus, que principalmente avaliasse o que contém o início do Capítulo 5: bem-aventurados aqueles que praticarem e permanecerem na justiça, na caridade, na misericórdia, pois terão sua recompensa num Reino Celeste. E nesses dias passados, ao tentar uma conclusão sobre o que continham artigos da Revista Rainha, também considerava que o importante de Mateus era o Capítulo 25, 31-46. Para consolo meu e razão ao Dario, o papa Francisco emite em 19 de março de 2018, festa de São José, o operário de ações silenciosas, a exortação “Gaudete et Exsultate” para que sejamos alegres e felizes nos desafios que Jesus nos propõe.

Mateus, no Capítulo 5, enumera as denominadas bem-aventuranças e no Capítulo 25, os motivos que levam as nações todas para a danação ou salvação eterna. Baseado, principalmente nas citações desses dois capítulos, o papa Francisco preparou sua exortação Gaudete et Exsultate a todos, cristãos especialmente, num chamado à santidade, em respeito ao comportamento frente ao mundo. Assim me pareceu como um apanhado, considerando fundamental o capítulo III da Exortação.

O papa Francisco analisa, nesse capítulo, as bem-aventuranças e para ele felizes e santos são os que nelas permanecem. E assim seguem na santidade os pobres no coração; que seremos santos se reagirmos e aturarmos, com humildade e mansidão, o que nos contradiz; que o choro compartilhado nos purifica e santifica e que santos seremos se buscarmos com ansiedade a justiça, com fome e sede; que é pela misericórdia em ajudar, de perdoar, que obteremos a misericórdia divina,  e é por ela que se consolida a santidade; que a conservação de coração puro no amor é significado de santidade, e é pela santidade que espalhamos, a nosso redor, a harmonia e a paz; e santos são aqueles que, contrariando o mundo, reagindo às falsidades e às calúnias do mundo, se empenham em levar, ao próprio mundo, a palavra do Evangelho.

Para o papa Francisco, em tudo deve estar presente a manifestação da misericórdia, e é por ela que existem os santos. A santidade, pode-se compreender pelo que nos exorta ele, não é apenas fruto de não fazer o mal, mas principalmente de fazer o bem. E estabelece que a grande regra de comportamento da misericórdia está baseada em Mateus 25, 31-46. É por essa regra que seremos medidos, e por ela, julgada nossa santidade: “Pois eu estava com fome, e me destes de comer; estava com sede, e me destes de beber; eu era forasteiro, e me recebestes em casa; estava nu e me vestistes; doente, e cuidastes de mim; na prisão, e fostes visitar-me” (95). A santidade, é conclusão do papa Francisco, não é vivida sem a oração, com abertura habitual à transcendência, (147) e muito menos compreendida se não atender às exigências da misericórdia. A glória que devemos a Deus não pode resumir-se no culto e na oração; “o culto que agrada a Deus se alimenta de uma doação diária de amor” e o critério de avaliação de nossas vidas é, antes de mais nada, o que fazemos pelos outros (104). Enfim, a glória a Deus acontece com atos, e o louvor a Deus, pela misericórdia.

Celito M. Brugnara – 9 maio de 2018

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