Sobre a
exortação “Gaudete et Exsultate”
(“Alegrai-vos e Exultai”)
Papa Francisco por Baptistão
A santidade está em
permanecer bem-aventurado (Mateus, 5)
e a salvação, na
prática de atos, conforme Mateus 25,31
Quantas vezes, para me consolar ou
mesmo me acalmar devido a alguma provocação ou inconformidade, informava aos
amigos que voltaria a ler Tiago; reconhecer que fé sem obras, pouco ou nada nos
aproveita. “Acaso a fé poderá salvar”, como se a promessa de fornecer vestes
nos dá o abrigo? A fé, para Tiago, se consolida pelas obras. E Dario, amigo
meu, me sugeria, quase sempre, que me aprofundasse em Mateus, que
principalmente avaliasse o que contém o início do Capítulo 5: bem-aventurados
aqueles que praticarem e permanecerem na justiça, na caridade, na misericórdia,
pois terão sua recompensa num Reino Celeste. E nesses dias passados, ao tentar
uma conclusão sobre o que continham artigos da Revista Rainha, também
considerava que o importante de Mateus era o Capítulo 25, 31-46. Para consolo
meu e razão ao Dario, o papa Francisco emite em 19 de março de 2018, festa de
São José, o operário de ações silenciosas, a exortação “Gaudete et Exsultate”
para que sejamos alegres e felizes nos desafios que Jesus nos propõe.
Mateus, no Capítulo 5, enumera as
denominadas bem-aventuranças e no Capítulo 25, os motivos que levam as nações
todas para a danação ou salvação eterna. Baseado, principalmente nas citações
desses dois capítulos, o papa Francisco preparou sua exortação Gaudete et Exsultate a todos, cristãos
especialmente, num chamado à santidade, em respeito ao comportamento frente ao
mundo. Assim me pareceu como um apanhado, considerando fundamental o capítulo
III da Exortação.
O papa Francisco analisa, nesse
capítulo, as bem-aventuranças e para ele felizes e santos são os que nelas
permanecem. E assim seguem na santidade os pobres no coração; que seremos
santos se reagirmos e aturarmos, com humildade e mansidão, o que nos contradiz;
que o choro compartilhado nos purifica e santifica e que santos seremos se
buscarmos com ansiedade a justiça, com fome e sede; que é pela misericórdia em
ajudar, de perdoar, que obteremos a misericórdia divina, e é por ela que se consolida a santidade; que
a conservação de coração puro no amor é significado de santidade, e é pela
santidade que espalhamos, a nosso redor, a harmonia e a paz; e santos são
aqueles que, contrariando o mundo, reagindo às falsidades e às calúnias do
mundo, se empenham em levar, ao próprio mundo, a palavra do Evangelho.
Para o papa Francisco, em
tudo deve estar presente a manifestação da misericórdia, e é por ela que
existem os santos. A santidade, pode-se compreender pelo que nos exorta ele,
não é apenas fruto de não fazer o mal, mas principalmente de fazer o bem. E
estabelece que a grande regra de comportamento da misericórdia está baseada em
Mateus 25, 31-46. É por essa regra que seremos medidos, e por ela, julgada
nossa santidade: “Pois eu estava com fome, e me destes de comer; estava com
sede, e me destes de beber; eu era forasteiro, e me recebestes em casa; estava
nu e me vestistes; doente, e cuidastes de mim; na prisão, e fostes visitar-me”
(95). A santidade, é conclusão do papa Francisco, não é vivida sem a oração,
com abertura habitual à transcendência, (147) e muito menos compreendida se não
atender às exigências da misericórdia. A glória que devemos a Deus não pode resumir-se
no culto e na oração; “o culto que agrada a Deus se alimenta de uma doação
diária de amor” e o critério de avaliação de nossas vidas é, antes de mais
nada, o que fazemos pelos outros (104). Enfim, a glória a Deus acontece com
atos, e o louvor a Deus, pela misericórdia.
Celito M. Brugnara –
9 maio de 2018
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