segunda-feira, 28 de julho de 2014

Uma história verdadeira que parece mentira



O sujeito era caixeiro-viajante, viajava a cavalo, tinha a companhia de uma mula onde levava as tralhas a serem vendidas e tinha negócios em todo o Rio Grande. Ficava sempre um ou dois dias em cada cidade. Mas tinha um vício: era chegado em mulher. Em cada cidade em que se hospedava, tinha uma namorada.

Certa vez, em Bossoroca*, em noite de folga, ele foi a um CTG* para dançar e, se possível, conseguir uma namorada. Já noite alta, sob os efeitos de goles de canha*, se amarrou numa pinguancha* e se tocou pruns matos no fundo do galpão de danças.

Chegando lá, depois de beijos e amassos, resolveram partir para os finalmentes. Vestido segurado no peito e bombacha arriada, já perto do bem-bom começar, ele percebeu que não tinha preservativo na guaiaca*, e resolveu improvisar. Pegou um lenço, enrolou no seu trabuco* sexual e foi com tudo...

Depois de certo tempo, cinco anos para ser mais exato, ele volta a Bossoroca e resolve encontrar novamente a moça de uma só noite de amor. Deixa as malas no hotel e se toca pra casa da mulher. Chegando lá, um menino de uns cinco anos corre em direção dele, gritando “Papai! Papai!”.

O cara, atônito, pergunta ao garoto:

− Como é o teu nome, meu filho?

− O meu nome é Fernando, mas na família todos me chamam de “coadinho”.

*****

* Bossoroca: Município da região Noroeste do Rio Grande do Sul.

* CTG: Centro de Tradições Gaúchas, lugar onde se cultuam as tradições do Rio Grande do Sul.

* Canha: o mesmo que cachaça, cana.

* Pinguancha: Caboclinha de vida fácil, china, chinoca. Variação: pinquancha e piguancha.

* Guaiaca: Cinto largo de couro ou camurça, provido de bolsinhos para guardar dinheiro ou objetos miúdos.

* Trabuco: Revólver.

Consultas: “Dicionário Gaúcho” de Alberto Juvenal de Oliveira




Nenhum comentário:

Postar um comentário