A obra prima de Bernard Shaw
Bernard
Shaw, certa vez, convocou os jornalistas para lhes dar conhecimento de sua
última obra teatral.
À hora marcada, compareceram os
rapazes da imprensa à residência do célebre comediógrafo.
- Quero mostrar-lhes a
minha última produção teatral. Trata-se de um trabalho que considero ser minha
obra prima.
E, abrindo
uma pasta, tirou de dentro uma folha datilografada que passou a ler:
I ATO
(Ela e ele,
ternamente abraçados.)
Ela:
-
Adoro-te, meu único e grande amor! Serei tua, só tua, até a morte!
(Cai o pano
lentamente)
II ATO
(Passam-se três anos.
Sobe o pano. Ela e ele abraçam-se com ternura.)
Ela:
-
Adoro-te, meu grande e único amor! Serei tua até o último alento da minha vida!
(Cai o pano devagar)
III ATO
(Passam-se cinco
anos.
Os mesmos móveis, os
mesmos quadros,
com algumas
modificações no ambiente. Mas não muitas.
Ela e ele
apaixonadamente abraçados no mesmo sofá.)
Ela:
- Adoro-te, meu único e
inigualável amor! Sou toda tua, agora e sempre!
- Que tal acharam esta peça? – perguntou Shaw aos
críticos ali reunidos, enquanto metia o papel novamente na pasta.
Um deles mais corajoso observou:
- Se é só isso, considero uma peça muito monótona. Só
aparecer duas personagens e, demais, a que fala repete mais ou menos as mesmas
frases.
- De fato, na peça só
entram Ela e Ele. Ela é a mesma
mulher. Com a mesma sinceridade, dizendo as mesmas frases. Mas Ele, que está calado, em cada ato é um
homem diferente! E isto quebra a monotonia...
(Do Almanhaque do
Barão de Itararé)
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