domingo, 11 de dezembro de 2016

Como Michelangelo pintou o teto da Capela Sistina?


Utilizando uma técnica chamada afresco,
em que a pintura é feita sobre uma argamassa de cal e areia.


Ilustração: Sattu

Utilizando uma técnica chamada afresco, em que a pintura é feita sobre uma argamassa de cal e areia. Como esse tipo de trabalho seca rápido, antes de botar a mão na massa o italiano teve de estudar bastante quais imagens planejava recriar. A tarefa completa levou quatro anos, de 1508 a 1512 – mas tornou-se uma das mais importantes obras-primas da história e é, hoje, uma das maiores atrações do Vaticano. O que pouca gente sabe é que, a princípio, Michelangelo não queria o serviço. Primeiro, porque considerava a pintura uma arte inferior. Ele gostava mesmo era de esculpir. Segundo, porque não se dava bem com o papa Júlio II, que fez a encomenda. Em 1505, ele se envolveu com a construção de um túmulo papal e ficou oito meses na cidade de Carrara, famosa por seus mármores, selecionando pedras para a obra. Só que outro escultor, Bramante (1444-1514) caiu nas graças da Igreja e assumiu o projeto. Michelangelo topou decorar a Sistina para provar a todos do que era capaz.

Torcicolo merecido

→ Michelangelo pintou, praticamente sozinho, 680 m² em quatro anos.

1) Bíblia em quadrinhos: → Um dos toques de genialidade de Michelangelo foi decidir cobrir os 680 m² do teto da capela com uma única composição de várias cenas do Antigo Testamento, da Bíblia. Estão lá a criação do homem, a expulsão do Jardim do Éden e o dilúvio.

2) Mãos firmes: → O afresco é uma técnica antiga, que resiste bem ao tempo. Antes de receber a tinta, a superfície é preparada com uma argamassa de cal queimada e areia umedecida (daí a origem do nome). Ela seca rápido, o que exige pinceladas precisas e bem planejadas.

3) Nariz empinado: → Às vezes, o artista trabalhava deitado. Mas, na maior parte do tempo, ficava de pé olhando para cima, o que lhe rendeu muitas dores. Meses após o serviço, tinha dificuldade em baixar a cabeça para ler. Precisava colocar o texto acima dos olhos.

4) Passou por cima: → Quando Michelangelo chegou, a Capela Sistina já tinha pinturas feitas por outros grandes nomes da época, realizadas entre 1481 e 1483. Com seus retratos bíblicos, ele cobriu um céu estrelado assinado por Píer Matteo d’Almelia.


5) Intrigas da oposição: → A extensão do teto era tão impressionante que Ascanio Condivi, aprendiz e biógrafo de Michelangelo, chegou a escrever que o convite para a tarefa havia sido feito por rivais de seu mestre – que torciam, claro, para que ele não conseguisse cumprir a missão.

6) Escraviários: → Michelangelo recusou ajuda na pintura. Aceitou pouquíssimos aprendizes, que faziam toda a parte “burocrática”: montavam andaimes, preparavam pigmentos, limpavam pincéis e ampliavam os originais que o gênio desenhava em menor escala. 


(Do Blog Mundo Estranho)

Entrevista:

Professor William Wallace especialista em Michelangelo conta detalhes sobre o trabalho mais famosos do artista.

Da revista Como Funciona:

Revista: Como Michelangelo veio a pintar o teto da Capela Sistina?

William Wallace: Michelangelo relutou em pegar o projeto, pois o teto já havia sido pintado. Ele tinha uma abóbada azul com estrelas, que era a decoração convencional dos céus. Quando Michelangelo conheceu o Papa e falou sobre o assunto, havia a ideia de se fazer uma obra muito mais limitada, pintando os doze apóstolos. Mas como é típico de Michelangelo, ele tinha a tendência de ampliar e engrandecer as coisas, levando à obra-prima que vemos hoje.

Revista: Quanta ajuda o artista teve?

William Wallace: Nós temos os nomes de pelo menos 13 pessoas que ajudaram Michelangelo. Antes, nunca imaginávamos que ele tivesse assistentes. As pessoas pensavam nele como solitário que não se dava bem com ninguém, mas seria impossível pintar um empreendimento tão monumental sozinho. A verdade é que ele pintou a maior parte e todas as figuras importantes, mas os assistentes teriam cuidado dos aspectos mais profundos, como a arquitetura.

Revista: Quais os benefícios do afresco?

William Wallace: O afresco é um meio muito exigente que requer um dia de oito horas de trabalho no qual você se prepara por duas horas, pinta por três horas sobre o gesso úmido e, em seguida, pinta por mais duas horas no gesso seco. O principal benefício do afresco é que, como você está pintando em gesso úmido, quando a tinta seca, ela se torna parte do gesso. O afresco é extraordinariamente resistente, por isso temos afrescos do Antigo Egito e de Pompéia perfeitamente intactos.




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