Em certa ocasião
alguém perguntou a Galileo Galilei:
‒ Quantos
anos tens?
‒ Oito ou
dez, respondeu Galileo, em evidente contradição com sua barba branca.
E logo
explicou:
‒ Tenho, na verdade, os anos que me
restam de vida, porque os já vividos não os tenho mais, como não temos mais as
moedas que já gastamos.
Crescemos em
sabedoria se valorizarmos o tempo como Galileo Galilei.
Dizemos
espantados:
‒ Como passa
o tempo!
Mas na
verdade, somos nós que passamos.
O astrônomo
italiano sabia que estamos aqui de passagem.
Somos
peregrinos e é bom pensar na meta que nos espera.
A certeza de que o nosso caminhar
terreno tem um final, é o melhor recurso para valorizarmos mais cada minuto que
percorremos.
Assim podemos aproveitar o que
realmente temos: o presente. Convém desfrutar cada dia como se fosse o último. O
ontem já se foi e o amanhã ainda não chegou.
*****
→ Galileo Galilei nasceu em 15 de
fevereiro de 1564. Seu pai queria que ele fosse médico e o mandou estudar em Pisa. Mas o jovem estava
mais interessado em física e matemática. A vocação do aluno também descontentou
o professor Orazio Morandi, que o estimulava a seguir a carreira artística.
→ Sua primeira contribuição à
ciência se deu no Duomo de Pisa. O sacristão acabara de acender uma lâmpada
pendurada numa longa corda e a empurrara. O movimento pendular foi medido com
as batidas do coração de Galileu. Ele percebeu que o tempo de cada oscilação
era sempre igual e formulou a lei do "isocronismo" do pêndulo. Assim,
encontrou o primeiro uso prático para aquela regularidade e desenhou um modelo
de relógio.
→ A famosa torre inclinada de
Pisa fez parte de uma outra experiência para contestar a tese de Aristóteles de
que, quanto mais pesado fosse um corpo, mais velozmente cairia. Galileu deixou
cair da mesma altura duas esferas iguais em volume, mas de peso diferente.
Ambas tocaram o solo no mesmo instante. Em seu livro, "Saggiatore"
("Experimentador") combateu a física aristotélica e argumentou que a
matemática deveria ser o fundamento das ciências exatas.
→ Galileo desenvolveu os
fundamentos da mecânica com o estudo de máquinas simples (alavanca, plano
inclinado, parafuso etc.). Entre suas criações se destacam: o binóculo, a
balança hidrostática, o compasso geométrico, uma régua calculadora e o
termobaroscópio: feito para medir a pressão atmosférica, porém, serviu como
termômetro.
→ Em 1609, construiu um
telescópio muito melhor que os existentes e explorou os céus como nunca fora
feito antes. Além de estudar as constelações Plêiades, Órion, Câncer e a Via Láctea,
descobriu as montanhas lunares, as manchas solares, o planeta Saturno, os
satélites de Júpiter e as fases de Vênus. As descobertas foram publicadas no
livro "Siderus Nuntius" ("Mensageiro das Estrelas"), em
1610.
→ A partir de suas descobertas
astronômicas, defendeu a tese de Copérnico
de que a Terra não ficava no centro do Universo. Como essa teoria era contrária
ao dogma
da Igreja, foi perseguido, processado duas vezes e obrigado a negar
(abjurar) suas ideias publicamente. Foi banido para uma vila de Arcetri, perto
de Florença, onde viveu em um regime semelhante à prisão domiciliar. Morreu em
8 de janeiro de 1642.
→ As longas horas ao telescópio causaram
sua cegueira. A amargura dos últimos anos de sua vida foi agravada pela morte
de sua filha Virgínia, que se dedicara à vida religiosa com o nome de soror
Maria Celeste. Em 1992, mais de três séculos após a morte de Galileo, a Igreja
reviu o processo da Inquisição e decidiu pela sua absolvição.
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