Tô, um dos dois Sambas de Tom Zé e Elton Medeiros
A música cheia de
paradoxos* mais incríveis.
Tô
Tom Zé e Elton
Medeiros
Tô bem de baixo pra poder subir,
Tô bem de cima pra poder cair,
Tô dividindo pra poder faltar,
Desperdiçando pra poder sobrar.
Devagarinho pra poder caber,
Bem de leve pra não perdoar,
Tô estudando pra saber ignorar,
Eu tô aqui comendo para vomitar.
Eu tô te explicando pra te
confundir,
Eu tô te confundindo pra te
esclarecer,
Tô iluminado pra poder cegar,
Tô ficando cego pra poder guiar.
(bis)
Suavemente pra poder rasgar,
Olho fechado pra te ver melhor,
Com alegria pra poder chorar,
Desesperado pra ter paciência,
Carinhoso pra poder ferir,
Lentamente pra não atrasar,
Atrás da vida pra poder morrer,
Eu tô me despedindo pra poder
voltar.
“Eu tô te explicando/ Pra te
confundir/ Eu tô te confundindo/ Pra te esclarecer/ Tô iluminado/ Pra poder
cegar/ Tô ficando cego/ Pra poder guiar”, cantarola Tom Zé (1936) em “Tô”,
quarta faixa do álbum Estudando o samba, de 1976. Indiretamente, o refrão do
cantor baiano poderia se referir ao impacto da produção musical dos artistas
escolhidos pelo historiador Herom Vargas, professor titular do programa de
mestrado em comunicação da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS)
e da Universidade Metodista de São Paulo (Umesp), como foco da pesquisa
Experimentalismo e inovação na música popular brasileira nos anos 1970. Além de
Tom Zé, Novos Baianos, Walter Franco e Secos & Molhados compõem entre si um
apanhado díspar, mas que conta uma história da criatividade e da experimentação
da música brasileira num período em que a indústria fonográfica no Brasil
passava por um momento de expansão e centralização.
Pesquisa: Coordenador
Herom Vargas,
Universidade Metodista de São Paulo.
Universidade Metodista de São Paulo.
*O paradoxo é identificado quando
uma frase não corresponde à lógica ou ao senso comum. Nele, dois sentidos se fundem
numa mesma ideia, criando um efeito de contradição.
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