sexta-feira, 12 de maio de 2017

E se não tivesse impedimento no futebol?



Romário por Baptistão

Sem impedimento, o Brasil não seria o mesmo. A atual lei diz que, quando um jogador recebe a bola no ataque, é preciso haver pelo menos dois adversários entre ele e a linha de fundo. Ou seja, o goleiro e mais um.

É assim desde 1925, quando era preciso haver três jogadores. Mudou-se a regra porque os técnicos deixavam um zagueiro adiantado e outro na sobra. Se o atacante evitasse o impedimento, o segundo zagueiro matava o lance. As partidas concentravam-se no meio-campo e os jogos acabavam sem chutes a gol. A alteração teve dois efeitos. Primeiro, o placar das partidas engordou. O outro efeito foi desafogar o meio-campo: provocar o impedimento com um só jogador ficou arriscado e a zaga foi recuada. O meio-campo virou lugar de craques, que avançavam com a bola sob controle até o bote final.

Era do que os brasileiros precisavam, pois sempre preferiram carregar a bola, o que marcou a nossa supremacia. Coincidência ou não, o futebol brasileiro só apareceu depois de 1925. Se o impedimento acabasse, a área seria liberada para atacantes e zagueiros serem fixados ali. Com essa multidão junto às traves, aumentaria as faltas perigosas, os pênaltis e os gols, sobretudo os de cabeça, especialidade europeia. A estatura seria decisiva. Atacantes brasileiros como os baixinhos Romário e Leônidas sucumbiriam.


Leônidas da Silva por Baptistão


(Do Almanaque Super Interessante de 2003)


Nenhum comentário:

Postar um comentário