→ Os adágios, anexins, ditos
gauchescos autênticos, ainda não foram estudados e classificados com a devida
exação. Reduzem-se sempre a uma simples constatação da experiência, uma
experiência avisada e prudente, que desconfia dos grandes rasgos e se limita a
aconselhar:
“Não te apotres, que domadores não faltam.”
“Se correres eguada xucra, grita; mas com os homens,
apresilha a língua.”
“Quem não compra bulha, não ata porongo nos tentos.”
“Devagarito nas pedras.”
“Quando dois brincam de mão, o diabo cospe vermelho.”
“Animal bagual põe os mansos a perder.”
“Não guasqueies sem precisão nem grites sem ocasião.”
“Mulher, arma e cavalo do andar, nada de emprestar.”
“Cavalo de olho de porco, cachorro calado e homem de fala
fina, sempre de ralancina.”
→ Com referência ao amor, ora é o realismo cru:
“Mulher e barro, pelo meio.”
→ Ora é o pessimismo
“Amor de china, fogo em faxina.”
→ Ora é desconfiança:
“Mulher sardenta e cavalo passarinheiro, alerta companheiro!”
→ Diante da exploração do fraco pelo forte e dos abusos do
poder, atesta simplesmente:
“Cavalo do comissário ganha sempre.”
“Quem ordenha, bebe o apojo.”
→ Quem nasce torto:
“Filho de arisco, nasce matreiro.”
“Cachorro ovelheiro, só morto endireita.”
→ Não há rosa sem espinho...
“Não há tropa sem boi corneta.”
→ Às vezes, a poesia da imagem abranda o pessimismo:
“O sol é poncho do pobre.”
→ Ou a consciência do campeiro aquece tudo, para constatar,
mas sempre com autocrítica:
“O bom domador seu bagual adora.”
“Moço monarca não assina, mas risca a marca.”
“Entre bois não há cornada.”
“Sinal de relho o tempo apaga.”
“Do couro é que sai a guasca.”
“No entrevero todos se rebuscam.”
“Inverno sem minuano, caracu sem tutano.”
(Do livro “Guia do
Folclore Gaúcho”, de Augusto Meyer)
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