domingo, 17 de março de 2019

A moça da estaçãozinha pobre

Ribeiro Couto


Eu amo aquela estaçãozinha sossegada,
Aquela estaçãozinha anônima que existe
Longe, onde faz o trem uma breve parada...
Na casa da estação, que é pequena e caiada,
Mora, a se estiolar, uma menina triste.

À chegada do trem, semierguendo a cortina,
Ela espia por trás da vidraça que a encobre.
Muita gente do trem para fora se inclina
E olha curiosamente o olho da menina,
Tão anônima quanto a estaçãozinha pobre.

O trem parte... Ficou na distância, esquecida,
A estaçãozinha... e a moça triste da janela...
Mas vai comigo uma lembrança dolorida...

Quem sabe se a mulher esperada na vida
Não era aquela da estação, não era aquela,
Aquela que ficou lá para trás, perdida?


Rui Esteves Ribeiro de Almeida Couto (Santos, 12 de março de 1898 − Paris, 30 de maio de 1963), mais conhecido simplesmente como Ribeiro Couto, foi um jornalista, magistrado, diplomata, poeta, contista e romancista brasileiro. Foi membro da Academia Brasileira de Letras desde 28 de março de 1934 (ocupando a vaga de Constâncio Alves na cadeira 26), até sua morte.

2 comentários:

  1. Paulo Ronai, descobriu esta poesia en 1939 na Hungria, escreveu para o autor; trocaram correspondências. Paulo Ronai aprendeu o português e decidiu migrar para o Brasil. Que sorte, a nossa, Paulo Ronaï foi uma estrela no céu do Brasil!

    ResponderExcluir