→ No dia do pagamento, o operário
contava e recontava e não conseguia descobrir o aumento do novo salário. Era o
mínimo.
→ Todos os dias, à mesma hora, o
colegial chegava e ficava remexendo os livros. O livreiro olhava e não dizia
nada. Era freguês de caderno.
→ No fim de tarde, na bolsa de
valores sobravam papéis por todos os lados. O mendigo chegava, olhava e ia
embora. Não tinha saco.
→ Todos os dias, à mesma hora, o
ladrão entrava no banco, piscava pro caixa e levava todo o dinheiro. Ninguém
sacava.
→ Todos os dias, em seus
aparelhos, à mesma hora, os militantes sintonizavam a rádio de Cuba. Deu
cadeia.
→ Na hora do chá, a dona de casa
desceu do carro, entrou no supermercado e foi direto à confeitaria. Parou,
olhou e não comprou nada. O sonho acabou.
→ Na alfândega, o Bispo chegava,
mostrava o embrulho, dava um sorriso e ia em frente. O guarda nem
olhava. Era um santo.
(Pacheco no “QI 14” )
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