quinta-feira, 8 de maio de 2014

Álvares de Azevedo



(o poeta da morte, o poeta da dor)

Manoel Antônio Álvares de Azevedo, nasceu em São Paulo, a 12 de setembro de 1831, foi um dos mais importante poetas do romantismo brasileiro. Em 1851, morre João Batista da Silva Pereira Júnior, quintanista de direito. Álvares proferiu um discurso em seu enterro. Mais tarde, escreveu na parede de seu quarto o nome desse amigo e o ano de sua morte (1851), e o nome de outro amigo que morrera no ano anterior Feliciano Coelho Duarte (1850), deixando em aberto o ano de 1852, como pressentindo sua morte, em 26 de abril de 1852.

Um dos mais conhecidos poemas de Álvares de Azevedo, escrito trinta dias antes de sua morte, tendo sido lido no dia de seu enterro por Joaquim Manuel de Macedo. Observe que os verbos estão no futuro do pretérito, ou seja, Álvares de Azevedo supunha uma eventual morte muito mais do que a pressentia.

Se eu morresse amanhã!

Se eu morresse amanhã, viria ao menos
Fechar meus olhos minha triste irmã;
Mina mãe de saudades morreria
Se eu morresse amanhã!

Quanta glória pressinto em meu futuro!
Que aurora de porvir e que manhã!
Eu perdera chorando essas coroas
Se eu morresse amanhã!

Que sol! que céu azul! que doce n‘alva
Acorda a natureza mais louçã!
Não me batera tanto amor no peito
Se eu morresse amanhã!

Mas essa dor da vida que devora
A ânsia de glória, o dolorido afã...
A dor no peito emudecera ao menos
Se eu morresse amanhã!

§ § §

A causa-mortis: uma enterite com perfuração do intestino...A  enfermidade durou mais de quinze dias empregou-se para combatê-la o tratamento alopático. É o que se lê na Guia de sepulte-se, assinada pelo Dr. César Persini. Era romântico morrer tuberculoso. Mas neste particular Álvares de Azevedo, não foi romântico, falecendo aos quase vinte e um anos de idade.




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